São Paulo, sexta-feira, 28 de março de 1997 |
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Relator da CPI diz ser candidato a governador do Paraná em 98
FERNANDO RODRIGUES
Por causa da sua exposição na mídia como relator da CPI dos Precatórios, Requião é citado em Brasília como potencial candidato a presidente pelo PMDB. Nesta entrevista, ele afirma que o seu partido deve acabar aderindo à candidatura de Fernando Henrique Cardoso para um segundo mandato. Requião se diz contra essa opção. Sobre a possibilidade de o ex-presidente Itamar Franco ocupar a vaga de candidato peemedebista à Presidência, o relator da CPI faz uma piada: "Eu não sei para qual lado ele penteia o topete". A seguir, os principais trechos da entrevista de Requião: * Folha - O sr. é candidato a presidente da República? Roberto Requião - Bobagem. Eu não tenho nenhuma pretensão de ser candidato. Folha - Por quê? Requião - Porque eu sou candidato ao governo do Paraná. Vou fazer o sacrifício de ser candidato ao governo do Paraná para botar o Estado em ordem, depois que o (Jaime) Lerner acabou com ele. É uma tarefa dura demais. Folha - Quem será então o candidato do PMDB em 98? Requião - Não sei. Eu acho que ele acaba, ao que tudo indica, aderindo ao PSDB e ao PFL. Folha - Com o seu apoio? Requião - Não. Folha - O sr. defende qual posição para o PMDB nas eleições do próximo ano? Requião - Eu acho que o PMDB deveria abrir espaço, deixar as pessoas falarem e lançar uma candidatura própria. Folha - Mas o sr. enxerga hoje dentro do PMDB algum candidato potencial a presidente? Requião - Isso só acontecerá se o partido abrir espaço para discussões. As pessoas poderiam aparecer em torno de uma proposta política alternativa ao neoliberalismo, ou ao neobobismo do Fernando Henrique Cardoso. Sem projeto, não tem candidato. É como a história da Alice, de Lewis Carroll. Ela perguntou ao gato que ria: 'Onde é a saída?'. E o gato: 'Depende'. Alice então diz: 'Depende do quê?' E o gato concluiu: 'Depende de para onde você quer ir'. Folha - Qual a sua opinião sobre a possibilidade de Itamar Franco ser o candidato do PMDB à Presidência em 98? Requião - O Itamar é um sujeito simpático. Mas eu não sei para qual lado ele penteia o topete. Folha - Qual seria, para o sr., a proposta ideal para o PMDB? Requião - Não liberal, de geração de empregos. Um projeto de desenvolvimento industrial claro, uma política agrícola clara e uma abertura comercial compatível com isso tudo. Folha - O sr. é contra a venda da Companhia Vale do Rio Doce, que tem leilão marcado para o final do próximo mês? Requião - Isso é uma loucura. É uma irresponsabilidade total. Folha - Em alguma circunstância o sr. admitiria a venda da Vale? Requião - Eu acho que a Vale poderia ser desmembrada. Alguns setores poderiam ser privados. Mas a venda da Vale é a coisa mais "asnática" que já se pensou em fazer no país. É uma asneira. Texto Anterior: Investigação faz mercado rejeitar títulos municipais Próximo Texto: Escândalo ameaça Pitta Índice |
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