São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Maluf nega contatos com Ramos e Vetor

DA REDAÇÃO; DA REPORTAGEM LOCAL; DA SUCURSAL DE BRASÍLIA; DA AGÊNCIA FOLHA

O ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf (PPB) disse ontem que é mentirosa a informação de que ele tratava de assuntos administrativos de sua gestão (1993-1996) com Wagner Baptista Ramos, que foi coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo durante a administração malufista.
Em entrevista ao "Jornal Nacional", da Rede Globo, Maluf disse que nunca conheceu o ex-assessor da prefeitura, apontado pela CPI dos Precatórios como um dos mentores do esquema de irregularidades na emissão e negociação de títulos públicos para pagar dívidas judiciais (precatórios).
Na última quarta-feira, em encontro sigiloso com membros da CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito), Fábio Nahoum, do Banco Vetor, disse que Wagner Ramos se vangloriava de tratar diretamente com o então prefeito Maluf.
Nahoum disse aos senadores Roberto Requião (PMDB-PR) e José Serra (PSDB-SP) que o ex-coordenador da Dívida Pública teria comentado que o pepebista pagou seu transplante de rim, além de colocar à sua disposição um jatinho quando um irmão morreu fora do Estado de São Paulo.
Telefonemas
O teor da conversa sigilosa de Nahoum foi divulgado ontem pelo colunista da Folha Luís Nassif.
O ex-prefeito paulistano encontra-se em Abu Dhabi (Emirados Árabes Unidos), onde é convidado para assistir a corrida de cavalos mais bem paga do mundo.
Na entrevista ao "Jornal Nacional", Maluf negou ter feito qualquer favor a Wagner Ramos. "Mentira. Não é que eu desminto, digo que é mentira."
Sobre a informação de que a CPI teria rastreado ligações do Vetor para seu gabinete na prefeitura, a negativa também foi veemente. "Mentira, mentira. Ninguém do banco fez nenhuma ligação para mim", disse o pepebista.
Maluf também afirmou ser "mentira" a versão de que ele teria mantido conversas com Fábio Nahoum. O Banco Vetor é apontado pela CPI como uma das principais peças do esquema de irregularidades com os títulos públicos.
O ex-prefeito saiu em defesa de Celso Pitta, seu sucesso e que à época de sua gestão era secretário das Finanças. Ramos era subordinado a Pitta. A CPI descobriu que o Vetor pagou o aluguel de um carro para a mulher do afilhado político de Paulo Maluf.
"O sr. Celso Pitta não participou de esquema nenhum porque ele é um homem de bem, é um homem honrado, é um homem honesto. Conheço homens honestos neste país (Brasil), nenhum mais honesto que o Celso Pitta", disse.
Para Maluf, segundo seu assessor Adilson Laranjeira, ao tentar ligá-lo ao caso dos precatórios, a CPI procura "desviar as investigações do sistema financeiro".
Nota do Vetor
Ontem à noite, o banqueiro Fábio Nahoum divulgou nota oficial em que diz "jamais ter declarado que a questão dos precatórios era de conhecimento de Paulo Maluf".
"Jamais disse que o dinheiro (arrecadado com os títulos) ia para a caixa de campanha de Maluf", afirma Nahoum.
A nota ainda diz que "as quatro pessoas que participaram da reunião sabem que eu jamais disse que o senador Gilberto Miranda tenha influenciado em qualquer operação feita por nosso banco".
O senador Esperidião Amin (PPB-SC) afirmou que vai pedir à CPI a reinquirição de Nahoum.

Colaboraram a Sucursal de Brasília e a Agência Folha

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