São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Mais 4 bebês morrem após tomar soro

MARCELO BARTOLOMEI
DA FOLHA CAMPINAS

Foram divulgadas ontem mais quatro mortes de recém-nascidos submetidos ao medicamento NPP (Nutrição Parenteral Prolongada).
Duas mortes foram registradas em Campinas (99 km a noroeste de SP), aumentando para 12 o número de vítimas fatais na cidade -11 bebês e um adulto.
Outros dois bebês ainda não identificados morreram na Santa Casa de Limeira (156 km a noroeste de SP), segundo a direção da entidade, no último domingo após receber o mesmo medicamento. A diretora, que não quis ser identificada, afirmou que não poderia fornecer mais detalhes.
A Secretaria da Saúde de Limeira está apurando o caso, segundo a diretora. Em Campinas, Vigilância Sanitária, Polícia Civil e Ministério Público de Campinas devem começar a investigar na segunda.
O NPP é um soro aplicado na corrente sanguínea. É ministrado normalmente em bebês prematuros ou adultos cujo estado não permite a alimentação normal.
O soro é fabricado pela empresa Tecnopharma, de Campinas, e sua produção foi paralisada segunda-feira pela Secretaria da Saúde.
As duas últimas crianças mortas teriam recebido o produto antes da paralisação e desde então apresentavam quadro de infecção.
Em entrevista ontem, o farmacêutico responsável pela Tecnopharma, Flávio Pícolo, voltou a dizer que a empresa faz apenas a mistura do NPP, que é produzido com ingredientes de 30 fornecedores diferentes.
Pícolo afirmou também que as pessoas recebem o medicamento quando já estão em estado grave.
Novas mortes
O recém-nascido Leandro Pedro dos Santos, de 4 dias, morreu ontem na Maternidade de Campinas.
No boletim entregue pela funerária que cuidou do enterro à Setec (Serviços Técnicos de Campinas), órgão responsável por funerais, um laudo informava que Leandro havia morrido de insuficiência renal aguda, problemas de metabolismo e malformação cardíaca.
A Folha não conseguiu localizar ontem diretores da maternidade para comentar o assunto.
Outro caso que vai ser investigado é o da recém-nascida Vera Maria dos Santos Fernandes, também de 4 dias, que morreu em casa depois de deixar o hospital.
Bactéria
Além das 12 mortes registradas, outras 25 pessoas apresentaram reações adversas -febre e convulsões- após receberem o NPP em nove hospitais de Campinas. Até agora, a Secretaria da Saúde, só confirmou quatro mortes comprovadamente causadas pela infecção.
O reitor da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), José Martins Filho, informou anteontem que o motivo da infecção no Caism (Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher) -onde morreram dois bebês- pode ter sido a bactéria Enterobacter cloacae, a mesma que matou sete bebês no Caiism em 95. Outros seis bebês tiveram reação no centro e 14 adultos no Hospital de Clínicas da Unicamp.

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