São Paulo, sábado, 29 de março de 1997
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Por trás da riqueza

MARCELO DIEGO
DA REPORTAGEM LOCAL

O circo da F-1 é associado a riqueza, organização e "glamour". Mas, para que tudo isso funcione corretamente, há um verdadeiro batalhão de anônimos trabalhando na organização da prova. Ontem, eu fui um deles.
A convite da LRC, empresa de táxi aéreo, passei cerca de nove horas no heliporto de Interlagos, recebendo os passageiros VIPs -aqueles que a aceitaram desembolsar no mínimo R$ 240,00 para fazer, de helicóptero, o trajeto entre o Campo de Marte ou Congonhas até o autódromo.
A viagem, de qualquer dos pontos de partida, não dura mais que seis minutos.
Enquanto a maioria dos "normais" dormia o sono dos justos (afinal, era feriado), acordei às 4h30 e rumei para o aeroporto de Campo de Marte (zona norte de São Paulo).
Achei que madrugando iria ser recompensado com uma pequena viagem aérea. Ingenuidade. Àquela hora, nem o aeroporto estava aberto.
Chegando a Interlagos, de carro, já havia um verdadeiro batalhão de trabalhadores. Equipes de limpeza, de resgate, brigadas anti-incêndio...
As instruções para nós, espécie de comissários de vôo, mas na terra, eram simples e recheadas de uma dose de sarcasmo: cuidado com as hélices, nunca passem perto da cauda, em caso de incêndio não há muita escapatória. Coisas do gênero.
Ontem, um dia morno e feriado santo, não passaram de 21 os pousos e decolagens.
A atividade no heliporto é grande. Como sou totalmente inexperiente, e um pouco atrapalhado, evitei fazer o "trabalho sujo": abrir as portas para o passageiro e desfivelar o cinto de segurança.
À primeira vista parece simples. Só assim. Cada modelo de helicóptero tem uma porta específica, um tipo de tranca, um modo certo de abrir. A ação tem que ser rápida, pois o perigo é grande.
A preocupação com o bem estar do passageiro é fundamental. E com a segurança, dele e nossa, também, lógico.
Minha missão era simples: fui uma pseudoporta, impedindo que os passageiros (felizes de estarem voando e de verem os carros da F-1) se dirigissem serelepes para o rotor da cauda (aquela hélice pequena na traseira da nave).
Duas coisas que eu aprendi: nunca desça do helicóptero de boné. Segundo os pilotos, ele se desprende da cabeça com muita facilidade, por causa do vento forte. E qualquer corpo estranho no rotor das hélices, tchau, tchau.
A segunda: leve sempre um filtro solar. Não só pelo sol, óbvio, mas porque o movimento rápido das hélices corta a pele. A minha que o diga.

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