São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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'Desejo da carne' foi mais forte

DA AGÊNCIA FOLHA EM JUAZEIRO DO NORTE

O vendedor Cícero Ferreira, 22, diz que saiu da seita dos "penitentes", porque o "desejo da carne" foi mais forte que a sua fé.
Ele participou do grupo de 1981 até 1993, quando fez 18 anos. Ferreira diz que, quando chegou à adolescência, não conseguia suportar a proibição de namorar e "morria" de vontade de ir a um forró. Foi justamente em um forró que conheceu sua mulher, com quem já teve um filho.
Filho de uma adepta dos "borboletas azuis", Ferreira diz que entrou na seita por influência da mãe, junto com seu irmão, José.
Ele conta que se alfabetizou com membros da seita e passou sua infância sem assistir televisão.
Para Ferreira, as normas rígidas da seita explicam a pouca adesão de jovens ao grupo.
"Aquele tipo de vida é bom para os velhos, que já experimentaram de tudo. Quem é jovem tem um mundo pela frente e a vida de penitente atrapalha", diz Ferreira.
Ele diz que o balanço de sua passagem pela seita é positivo e atribui aos "penitentes" muitos dos valores morais que defende com orgulho. "Se hoje sou um cidadão que não bebe, não fuma, não rouba e trabalha com muita honestidade, é porque aprendi com os penitentes e com o exemplo do meu 'padim' padre Cícero", diz Ferreira.
Ele diz que se considera um católico relapso. Para ele, o único traço de fanatismo que resiste em sua personalidade se traduz no ardor com que torce pelo Corinthians.

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