São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Autoridade

MARCELO DIEGO
DA REPORTAGEM LOCAL

Bem dizia meu amigo Fábio, não há coisa pior que um idiota uniformizado.
E a F-1 em São Paulo está recheada dessas figuras. Pessoas despreparadas que recebem um crachá ou um colete da organização e se acham travestidas de autoridade.
Está bem. Organização e disciplina não fazem mal a ninguém. Mas Interlagos extrapola. Há as "autoridades" para entrar e sair de qualquer lugar. Detalhe: você nunca entra pela mesma porta que sai. A ordem de algumas portas muda a cada dia.
Não posso, contudo, generalizar. Afinal, faço parte do time. Estou trabalhando no heliporto do autódromo. Recebo os passageiros/torcedores, que optaram chegar ao circuito voando. O preço: R$ 240,00 por cabeça, no mínimo.
A coisa é bem organizada. O heliporto tem três hangares -um central e mais um de cada lado. Uma torre central organiza o tráfego aéreo.
São pessoas que durante a semana trabalham nas torres de Congonhas, Cumbica e Campinas. Os instrumentos, lógico, não são "high-tech", mas não comprometem.
As equipes de solo são bem organizadas. Há uma pessoa que fica responsável por dirigir o pouso. Basicamente, é um sujeito que vai indicando por gestos o que o piloto deve fazer. Desce, para esquerda, sobe mais.
Há duas pessoas responsáveis pelo desembarque dos passageiros. Mais uma, no caso eu, que impede um alegrinho de tentar se aproximar da cauda do helicóptero.
Sabe como é, aquela hélice rodando a não sei quantas rotações por minuto.
A torre controla quem sobe e quem desce. Na hora do corrida, hoje, nenhuma nave vai poder sobrevoar a região. Só a antena da TV e o helicóptero de emergência.
A coisa é, repito, organizada. Apesar do preço, de repente, vale até a pena. Porque, se você leitor vai a Interlagos hoje, boa sorte. É grande a chance de enfrentar filas e encontrar um pessoa, que não vai saber absolutamente nada e ainda vai querer complicar sua vida. Quer apostar?
*
Ah, se chover. Além de dificultar o trabalho, o heliporto pode se tornar um lamaçal. Força, aí, São Pedro.

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