São Paulo, domingo, 30 de março de 1997 |
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O rock não morreu
PATRICIA DECIA
Beck, Oasis, Nada Surf, Bluetones e Weezer são algumas das bandas que estão no toca-discos dos DJs Toninho e Clóvis, que tocam há anos no Espaço Retrô e há dois meses fazem uma noite por semana na Oitava DP, nos Jardins (zona oeste de São Paulo). Com uma média de 350 pessoas -a lotação da casa é de 250 pessoas-, a sexta-feira já se tornou uma das noites mais fortes da casa, rivalizando com o público que ouve skate music e hard-core às quintas-feiras desde que a Oitava DP abriu, em junho de 96. "Nossa idéia, quando abrimos a casa, foi exatamente dar espaço a sons que não têm um grande espaço na cidade, como hard-core, ska e rock. Mas é difícil encontrar DJs especializados em guitar em São Paulo. Então, conseguimos trazer o Toninho do Retrô", afirma Amauri Rogério de Oliveira, 27, um dos donos da Oitava DP. Toninho e Clóvis não são exatamente novatos na área. Eles começaram a tocar em Guarulhos (Grande São Paulo) nos anos 80. Basicamente, tocam rock -não confundir com hard rock nem com heavy metal. Segundo Clóvis, hoje, o maior hit é "Where is at", do norte-americano Beck, considerado artista do ano em 96 por nove entre dez publicações especializadas. Os dois são residentes do Retrô, a única casa da cidade que ainda tenta manter o espírito "porão" de antecessores como o Cais e Madame Satã. Localizado na região central, o Retrô não pode ser considerado o espaço mais bem cuidado para ir à noite. Um certo ar de decadência, com lâmpadas queimadas que demoram uma eternidade para serem substituídas e descaso com as instalações no geral, é sua principal característica. Anos 80 No Bety Boom, no Itaim-Bibi (zona oeste de São Paulo), o rock se mistura a outros estilos na programação da casa, e bandas que fundem techno com rock -como Prodigy- têm presença certa na pista. Mas a criação de uma noite em que o forte são as bandas alternativas não é descartada para um futuro próximo, segundo Ricardo Medrano, 35, um dos proprietários da casa. "Arrisco dizer que o motivo pelo qual há poucas noites de rock na cidade é que faltam promoters que trabalham com esse estilo. Também não é muito fácil encontrar DJs especializados, mas público para esse tipo de música há. Essa, aliás, é uma ótima idéia", afirma Medrano. Por enquanto, a opção no Bety Boom são as segundas-feiras "I Like Mondays", com os DJs Jeff e Fábio Spavieri, dedicadas à música dos anos 80. Dinossauro Há cerca de dois meses foi reaberta na zona leste uma das mais tradicionais casas noturnas dedicadas ao rock na cidade. Trata-se da Ladslay, que promoveu, desde sua volta, shows de bandas brasileiras como Made in Brazil e Viper. Diferentemente das outras casas noturnas, a Ladslay tem no rock pesado dos anos 70 e seus herdeiros sua prioridade. Lá é possível encontrar headbangers (cabeludos que ficam sacudindo a cabeça), clones de Hell's Angels (motoqueiros que usam couro e tachas e têm um visual bastante violento) e outros exemplares dos admiradores desse tipo de música. Texto Anterior: Mata ajuda a transportar calor Próximo Texto: Projeto realiza shows semanais Índice |
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