São Paulo, domingo, 30 de março de 1997
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Músicas de origem negra rendem na noite

DA REPORTAGEM LOCAL

Algumas casas noturnas da cidade de São Paulo estão descobrindo que criar eventos e promoções relacionados com o público negro é uma estratégia lucrativa.
Apesar dos apelos "black music" ou "afro music", essas casas não vivem -e nem querem viver- de um público formado apenas por negros.
Funcionando desde agosto de 1994, o Soweto é uma casa especializada em "black music".
Os seus 500 m2 de área recebem, todas as noites, aproximadamente 250 clientes.
Neiriane Pereira, 35, sócia da casa, diz que, quando ela e seus sócios abriram as portas, o público negro era mais frequente só nos fins-de-semana. "Hoje, os negros representam 50% de todos os clientes da casa."
O faturamento só com a venda de ingressos chega a R$ 15 mil por mês, segundo a empresária. Esses ingressos custam R$ 5 e R$ 10.
Felipe Pereira, 35, sócio e marido de Neiriane, afirma que o faturamento bruto total da casa é de R$ 30 mil. "Nossa margem de lucro é de cerca de 30%."
Cada noite no Soweto tem um tema. Às sextas-feiras, por exemplo, as "pick-ups" só tocam músicas africanas, de diversas tendências.
"Embora nossa casa só toque ritmos afro, ela está aberta para qualquer pessoa, de qualquer raça, cor ou sexo", afirma Neiriane.
Segunda-feira
O Brancaleone, no mercado há dez meses, criou a noite "Black no Branca", que acontece sempre às segundas-feiras. A noite foi criada logo após a abertura da casa.
Maurício Longo Bardi, 35, um dos sócios, diz que a noite começou com uma festa embalada por música de origem negra. "Mas, depois, virou um evento."
Ele diz que recebe um público "legal" para uma segunda-feira: cerca de 400 pessoas. Segundo Bardi, os negros chegam a representar 20% dos clientes na noite especializada.
Funcionários
"Nossa casa é black, todas as noites temos 'black music"', afirma Katia, que só contrata funcionários negros para trabalhar na casa noturna.
A empresária diz que, às quartas-feiras, o som é ditado pelos "djs" Paulinho Brown e DJ Hum, ambos negros.
Nesses dias, a casa chega a contabilizar 400 pessoas. "Cerca de 70% são negros", calcula ela.
Katia diz que o caixa fatura, somente às quartas-feiras, aproximadamente R$ 2.500.
Esse valor, afirma, é suficiente para compensar o investimento de R$ 100 mil que ela e os sócios, Xavier Lebot, Renata Soares e Fábio Cardoso, fizeram na abertura do Dolores Dolores.

Onde encontrar - Brancaleone: (011) 813-5118; Dolores Dolores: (011) 211-3604; Soweto: (011) 3068-0634.

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