São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Brasil faz plano para reduzir acidentes

CLÁUDIA TREVISAN
DE NOVA YORK

O Brasil negocia um empréstimo de US$ 200 milhões com o Bid (Banco Interamericano de Desenvolvimento) para financiar um programa de combate à violência no trânsito.
O governo brasileiro deve destinar outros US$ 200 milhões ao projeto, que terá custo total de US$ 400 milhões.
O objetivo é reduzir o número de acidentes que, em 1995, provocaram a morte de 25.513 pessoas. "Nenhuma guerra mata tantas pessoas hoje", diz o secretário-executivo do Ministério da Justiça, Milton Seligman.
O Brasil apresenta um "índice de fatalidade" que chega a ser quase quatro vezes superior ao de países desenvolvidos.
Esse índice mede o número de mortes para cada grupo de 10 mil veículos e é usado internacionalmente para indicar o grau de violência no trânsito.
Em 1995, o índice de fatalidade no Brasil foi 9,59. Países desenvolvidos, como França, EUA, Japão, Itália e Grã-Bretanha, apresentam índices que variam de 2,50 a 4,00.
Em termos financeiros, Seligman calcula que os acidentes provocam perdas anuais de aproximadamente US$ 1 bilhão. Nesse valor estão incluídos os itens materiais e a perda de produtividade das vítimas.
Seligman aproveitou uma viagem a Washington na semana passada para apresentar o projeto aos técnicos do Bid de maneira informal. Segundo ele, o empréstimo está praticamente garantido.
Mas antes de fazer o pedido oficialmente, o Ministério da Justiça precisa de autorização do Ministério do Planejamento para contrair a dívida. Seligman acredita que isso deve ocorrer até o mês de junho.
Depois, deve haver mais um ano de negociações com o Bid até a liberação do empréstimo.
A previsão é que o programa dure cinco anos. Até hoje, a maioria das iniciativas oficiais nessa área teve caráter pontual, como campanhas para utilização de cinto de segurança ou intensificação de vigilância nas estradas.
O programa apresentado ao Bid tenta atacar o problema em várias frentes: campanhas educativas, aumento da fiscalização, melhoria do atendimento às vítimas, mudanças de engenharia de tráfego, capacitação de funcionários e modernização dos órgãos responsáveis pela segurança no trânsito.
Também está prevista a inserção nas escolas de 1º e 2º graus da disciplina "educação para o trânsito".
Um dos principais pontos na área de engenharia de tráfego é a construção de mecanismos para proteção de pedestres, como ilhas de refúgios, grades de proteção, canteiros centrais e placas de sinalização. De acordo com Seligman, 45% das mortes no trânsito são provocadas por atropelamento.
Mas ele está convencido de que a conscientização da população será fundamental para o sucesso do projeto. "A sociedade não está consciente de que o trânsito é uma grande ameaça à sua segurança."

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