São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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Obra tem Versace e Freddie Mercury

ANA FRANCISCA PONZO
ESPECIAL PARA A FOLHA

Na temporada que realizará no Brasil, o Béjart Ballet Lausanne apresentará dois programas.
O primeiro reunirá os balés "Barroco Bel Canto", uma estréia mundial ao som de compositores barrocos como Haendel e Vivaldi, "O Mandarim Maravilhoso", obra de 1992 sobre a música homônima de Béla Bártok, e "Mallarmé 3", de 1974, sobre composição de Pierre Boulez.
No Municipal de São Paulo, este será o programa dos dias 8 e 9 de abril, às 20h30. Nos dias 10 e 12, às 20h30, e no dia 13, às 17h, o elenco de Béjart dança "Le Presbytre n'A Rien Perdu de son Charme, ni Le Jardin de son Éclat", que estreou em janeiro em Paris.
Este enorme título nada tem a ver com o tema do espetáculo, que homenageia Jorge Donn e o cantor pop Freddie Mercury, ambos mortos aos 45 anos, de Aids.
Segundo Béjart, o título de "Le Presbytre...", retirado do romance "O Mistério do Quarto Amarelo", de Gaston Leroux, foi escolhido pela sugestão surrealista.
Embora fale das pessoas que morrem jovens, "Le Presbytre..." procura transmitir otimismo e esperança. Ao som de músicas do grupo Queen (liderado por Mercury), além de um excerto de "Cosi Fan Tutte", de Mozart, o tema deste balé encontra sua síntese no momento em que o bailarino Gil Roman pergunta: "Vocês nos disseram: 'Façam amor, não a guerra'. Nós fizemos amor, por que agora o amor nos faz a guerra?".
"Le Presbytre..." assinala um momento novo na carreira de Béjart. Depois de um mergulho no inferno com a morte de Jorge Donn, Béjart renasce com um elenco renovado e sua recontratação até o ano 2000 pela cidade de Lausanne, que patrocina sua companhia desde 87.
Obviamente, "Le Presbytre..." não se compara a obras-primas como "Sagração da Primavera", "Bolero" e "Pássaro de Fogo", que marcaram o auge de Béjart.
Contudo, a sinceridade que envolve o tema, somada a detalhes como o requinte cênico garantido pelos figurinos de Gianni Versace, vem novamente rendendo a Béjart os elogios da crítica européia, que no início dos anos 90 demolia obras como "La Mort Subite".
Em "Le Presbytre..." Béjart retoma sua colaboração com Versace, que há 16 anos trabalha com o coreógrafo. Ao solicitar ao estilista francês a predominância do branco nas roupas, Béjart procurou unir rigor e extravagância.
"Mais de cem butiques do mundo inteiro exibem o nome de Versace hoje em dia. Mas isto não me interessa e me pergunto se é o que mais interessa a ele. Desde que começamos a trabalhar, Versace tem as angústias e as minúcias de um iniciante", diz Béjart.
Depois de São Paulo, o Béjart Ballet Lausanne segue para Curitiba (Teatro Guaíra, dia 15), Rio de Janeiro (Teatro Municipal, de 17 a 20) e Belo Horizonte (Minas Centro, de 24 a 26).
(AFP)

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