São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997
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EUA começam a julgar bomba de Oklahoma

CARLOS EDUARDO LINS DA SILVA
DE WASHINGTON

Começa hoje a seleção dos jurados do julgamento de Timothy McVeigh, principal acusado do atentado que há dois anos matou 168 pessoas, 19 delas crianças com menos de cinco anos de idade, em Oklahoma City, sul dos EUA.
O tribunal está instalado em Denver, Colorado, oeste do país, para garantir a McVeigh um júri mais isento do que se fosse composto por cidadãos de Oklahoma.
A estimativa é que o julgamento vá durar de dois a cinco meses. O líder da acusação é Joseph Hartzler, promotor público federal de Illinois, Meio-Oeste do país, que sofre de esclerose múltipla e utilizará uma cadeira de rodas motorizada para se locomover no tribunal. A defesa é chefiada por Stephen Jones, um teatral advogado de Oklahoma. O juiz federal é Richard Matsch, do Colorado.
A tarefa da promotoria se tornou muito mais difícil depois que Matsch resolveu que os dois acusados pelo atentado, McVeigh e Terry Nichols, serão julgados separadamente.
O principal trunfo da acusação contra McVeigh seria o depoimento de Nichols. Mas ele provavelmente não ocorrerá, porque Nichols pode invocar o seu direito de não se auto-incriminar.
Além disso, a promotoria não conta com testemunhas visuais que comprovem a presença de McVeigh em Oklahoma City no dia do crime, 19 de abril de 1995.
Resíduos de bomba
Os elementos que Hartzler pretende explorar mais são as evidências e testemunhas de que McVeigh alugou o caminhão utilizado para carregar os explosivos usados no atentado e de que suas roupas estavam cobertas de resíduos de bomba quando ele foi detido 78 minutos após a explosão.
Ele dirigia um automóvel sem placa e carregava uma arma sem licença em estrada a cerca de 100 km ao norte de Oklahoma City.
Fora isso, a argumentação do promotor será de que McVeigh tinha motivações políticas e predisposição pessoal para explodir um edifício do governo federal.
A defesa vai tentar anular as evidências físicas com o argumento de que o laboratório que as realizou, da polícia federal (FBI), é incompetente e não-confiável.
Jones chama o laboratório do FBI de "o Mark Fuhrman desse caso", em referência ao delegado da polícia de Los Angeles atacado pela defesa de O. J. Simpson no julgamento do ator. Quanto às testemunhas, Jones vai tentar convencer o júri de que elas foram coagidas ou induzidas e que são pessoas confusas.
Adiamento negado
A seleção do júri vai ser dificultada pelo fato de vários jornais terem noticiado há algumas semanas que McVeigh havia confessado o crime a seus advogados.
Jones, após ter negado a informação com veemência, tentou até adiar, sem sucesso, o início do julgamento por achar que a divulgação dessa reportagem predispõe muitos potenciais jurados contra seu cliente.
O julgamento não será transmitido pela TV para o público. Um circuito fechado de TV permitirá aos familiares das vítimas acompanharem o trabalho num auditório no prédio do tribunal.

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