São Paulo, segunda-feira, 31 de março de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Nacional Bairro foi a Viena do filme "Amadeus"
ARTHUR NESTROVSKI
A peça de resistência do bairro, visível dia e noite de praticamente qualquer ponto à beira do rio, é o castelo propriamente dito, o maior prédio da Hungria, obra do imperador Carlos 6º e da imperatriz Maria Theresa. É um imponente edifício barroco, com mais de 200 salas, abrigando hoje uma série de museus, incluindo a Galeria Nacional (pintura húngara, especialmente do século 19) e o Museu do Castelo (salão gótico, seção renascentista, homenagens ao rei renascentista Mathias Corvinus e sua terceira esposa, Beatriz de Aragón). O castelo é grande o bastante para dar lugar, ainda, à Biblioteca Nacional, com quatro milhões de volumes. A melhor maneira de chegar ao bairro é pegar o funicular, ao pé da ponte pênsil, outro cartão-postal da cidade. (Primeira ponte unindo Buda e Peste, foi construída em 1849, dinamitada pelos nazistas e reconstruída em 1949.) Chegando no alto, você tem o castelo à esquerda, com a estátua da águia Turul no portão -um pássaro mítico, que teria guiado os magiares até a Hungria, no século 9º. À direita, fica o resto do bairro, com a enorme catedral de 700 anos. O Bastião dos Pescadores, de aparência românica, na verdade foi construído em 1901, data em que se completou a restauração da catedral. Dali se tem uma das vistas mais espetaculares de Peste, do outro lado do Danúbio, com o Parlamento se destacando à frente de uma expansão infinita de construções baixas -para todos os efeitos, uma cidade do século 19. O melhor do bairro, no entanto, não são esses grandes prédios e monumentos, por mais impressionantes que sejam. O melhor é caminhar a esmo pelas ruazinhas medievais: Uri utca (pronuncia-se út-só), Országház utca, Fortuna utca e Táncsics (Tán-tzich) utca. Poucos lugares preservam um bairro como esse; o que é de surpreender, quando se pensa na tumultuada, para não dizer sangrenta, história da Hungria ao longo dos séculos. Três recomendações: 1) na pequena Passagem Fortuna, em frente ao Hilton, há uma excelente livraria e café, Litea, com mapas e livros em inglês -não só de turismo, mas também história e literatura; 2) na praça ao lado da catedral (Szentháromság u. 7), fica o Ruszwurm Cukrászda, um café em funcionamento desde 1827, que tem alguns dos melhores doces da cidade (você tem idéia do que isso significa?); e 3) ainda no setor alimentar, os mais abastados podem fazer a festa no Alabárdos (Országház u. 2), onde, num cenário legítimo do século 15, pode-se saborear a "nouvelle cuisine" húngara, recomendada por médicos e gastrônomos. Antes de deixar o bairro, caminhe pela Árpád sétány, no limite do penhasco. No fim da tarde, a "promenade" fica cheia de carrinhos de nenê, gente passeando, ou lendo jornal e vendo o pôr-do-sol. Dá vontade de não ir embora nunca; depois cai a noite, a gente sai de mansinho, prometendo a si mesmo voltar. Texto Anterior: Turismo cresceu 30% entre 1992 e 1995 Próximo Texto: Húngaro até parece 'língua de marciano' Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |