São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Supermercados atrasam os pagamentos

FÁTIMA FERNANDES
DA REPORTAGEM LOCAL

Supermercados de pequeno porte começam a atrasar o pagamento das compras feitas no atacado.
O prazo médio para pagamento fornecido pelos atacadistas varia de 15 a 17 dias. Lojistas estão atrasando de três a dez dias.
A Folha apurou que o atraso na quitação de dívidas aumentou em março e está concentrado nos pequenos supermercados.
Isso é reflexo dos cheques sem fundos recebidos. "A inadimplência cresceu em março", afirma Wilson Tanaka, presidente do Sincogava, que reúne os pequenos varejistas de gêneros alimentícios.
Um dos dez maiores atacadistas de alimentos, artigos de higiene, limpeza e perfumaria do país -que prefere não ser identificado- confirma o atraso.
Para esse atacadista, o valor do atraso representou, em março, 8,4% do seu faturamento. O "suportável" seria 3%.
A empresa informa que o atraso no pagamento vem aumentando. Em fevereiro participara com 7,1%.
Para forçar o pagamento, esse atacadista decidiu cobrar juros altos dos maus pagadores -de 12% ao mês-, que são especialmente os supermercados com quatro e cinco caixas.
O atacadista Ciro, que atua na distribuição de alimentos e produtos de higiene e limpeza, informa que o atraso no pagamento dos clientes varia de três a dez dias.
Atualmente, diz Roberto Amary, gerente financeiro, esse atraso está em torno de cinco dias.
"É um prazo suportável. Se passar de sete dias, os bancos encaminham os títulos para o cartório."
Para Amary, a inadimplência no Ciro, que fatura anualmente cerca de US$ 400 milhões, está, no momento, sob controle -no ritmo da de dezembro passado.
Em cadeia
Emílio Alfieri, economista da Associação Comercial de São Paulo, diz que o atraso dos lojistas no pagamento das dívidas é efeito da inadimplência dos consumidores.
Pelos dados da associação, o número de maus pagadores deu um salto em março. Na primeira quinzena do mês passado, foram registrados 172.283 carnês em atraso (acima de 30 dias).
Esse número foi 64,7% maior do que o de igual período do ano passado e 108,1% maior do que o da primeira quinzena de fevereiro.
Alfieri diz que os números que serão divulgados hoje mostram um aumento ainda maior no número de carnês em atraso.
Tanaka conta que, para evitar a inadimplência, o cheque pré-datado começa a perder força entre os pequenos supermercadistas.
Eles já não representam mais do que 20% da receita das lojas e chegaram a participar com 45%. Para ter mais dinheiro em caixa, conta ele, os pequenos estão deixando de usar tíquete-alimentação.
A estratégia agora, diz ele, é trabalhar mais com cartão de crédito.

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