São Paulo, terça-feira, 1 de abril de 1997
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Novos lançamentos revisitam o gênero

DA REPORTAGEM LOCAL

Não apenas Kurt Weill, mas passam a ser lembrados também uma geração de músicos alemães que desfrutaram a liberdade da República de Weimar (1919-1933), o período imediatamente anterior ao governo nazista. Ao menos na indústria fonográfica.
Além de "Berlin Cabaret Songs", que traz a cantora Ute Lemper revisitando o repertório dos compositores Mischa Spoliansky, Rudolf Nelson e Friedrich Hollander, lançado em janeiro pelo selo inglês Decca, na série "Entartete Music" (música degenerada), dois outros trabalhos resgatam o gênero.
A soprano Jill Gomez e o pianista John Constable em "Cabaret Classics" (DKP) preferem lembrar que, apesar da crença em contrário, as canções de cabaré são também uma tradição francesa.
O CD traz composições de Weill -em sua fase de imigrante em Paris-, Erik Satie e Arnold Schoenberg, entre outros.
Para alguns críticos franceses, a própria palavra cabaré é derivada de um dialeto do país, e significaria "lugar pequeno", como o "Chat Noir".
O lugar -inaugurado em 1881- se tornou uma espécie de ponto de encontro para uma geração de artistas e intelectuais.
A consequência direta foi conceder ao próprio conceito de cabaré -ao menos em Paris- um ar de dignidade que as pequenas casas nunca tiveram.
O terceiro lançamento é "Berlin Cabaret". O CD, lançado pela gravadora Edel, vai ao lugar comum. Mais uma vez os favorecidos são Hollander e Spoliansky.
A atração vem do fato de que não se trata de releituras ou aproximações.
Dessa vez o ouvinte pode encontrar as gravações originais, recolhidas de antigos discos de vinil e 78 rotações, retrabalhadas digitalmente.
Um verdadeiro trabalho de arqueologia, na coleção pode se ouvir até canções gravadas 12 dias antes de Hitler subir ao poder. O exato momento em que uma certa alegria e deboche foram perdidos.

Discos: Berlin Cabaret Songs, Cabaret Classics, Berlin Cabaret
Quanto: R$ 30, cada CD, em média
Onde encontrar: Balalaika (tel. 011/255-5932)

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