São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Ramos não esclarece quem pagou cirurgia

EMANUEL NERI
DA REPORTAGEM LOCAL

O ex-coordenador da Dívida Pública da Prefeitura de São Paulo Wagner Baptista Ramos não consegue explicar quem pagou seu transplante de rim, em maio de 94. A Prodam, empresa pela qual Ramos era contratado, nega ter pago a despesa.
Em depoimento informal a dois senadores da CPI dos Precatórios, o banqueiro Fábio Nahoum (Banco Vetor) disse que o ex-prefeito Paulo Maluf pagara as despesas com o transplante. Ramos negou e disse que o convênio médico da Prodam cobrira a despesa.
O pagamento do transplante fazia parte do bom relacionamento que Ramos, segundo Nahoum, dizia manter com Maluf. Ramos é apontado como um dos principais suspeitos pela CPI.
Segundo o depoimento de Nahoum, Ramos se vangloriava do bom relacionamento com o ex-prefeito paulistano. Nahoum também informou que Maluf emprestara um jatinho para Ramos ir a um enterro de um parente.
Maluf nega ter pago despesas de Ramos. Anteontem, o advogado de Ramos, Márcio Thomaz Bastos, divulgou nota reafirmando a versão de que o convênio da Prodam havia pago o transplante.
Durante todo o dia de ontem a Prodam evitou se manifestar. Só às 18h a assessoria de imprensa da empresa, responsável pelo processamento de dados da prefeitura, informou que seu convênio médico não havia pago a despesa.
Segundo a Prodam, seu convênio -mantido por funcionários da empresa- pagou apenas R$ 10.713.832 de despesas hospitalares. Esse valor equivale hoje a R$ 9.373,00. A Prodam informou não saber quem pagou o transplante.
A Folha apurou que um transplante de rim custava em 94 entre R$ 60 mil a R$ 100 mil. Hoje esse preço caiu -custa entre R$ 20 mil a 40 mil. Ramos foi contraditório ao saber que a Prodam dissera que não pagara o transplante.
Por intermédio de seu advogado, ele reiterou que todas as despesas foram pagas pela Prodam. Informou que não tinha recibos sobre essas despesas. "Quem deve apresentar recibos é a Prodam", disse.
Mais tarde, seu assessor de imprensa, Mauro Lopes, telefonou à Folha mudando o teor da declaração. Segundo Lopes, Ramos informara a ele que também pagara parte das despesas com honorários médicos para o transplante.
Para o assessor de Ramos, os recibos referentes à parte paga por ele constam de sua declaração de Imposto de Renda, entregue à CPI. Em um terceiro telefonema à Folha, Lopes informou que Ramos lembrava de que a parte paga por ele ficara entre R$ 15 mil a 20 mil.

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