São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Em capítulos

NELSON DE SÁ
DA REPORTAGEM LOCAL

Começou com Gil Gomes. O "cronista", como descreviam, distribuía a cobertura pelo Aqui Agora. Fazia suspense, anunciava o que iria mostrar, adequava preceitos de ficção à cobertura de um crime. Abusava dos adjetivos. O apogeu do AA se foi, mas os ensinamentos ficaram.
No Jornal Nacional com as imagens dos policiais, tiradas por um amador (ou não? noturnas, eram profissionais demais, abrindo especulações), os ensinamentos estavam lá, e seguiram ontem, no JN.
Sobre as imagens, a locução em prosa descritiva, distante da ordenação costumeira. Em capítulos, a cobertura se divide pelo programa e os seguintes. Anuncia atrações, como "cenas do próximo capítulo", no caso, exclusivas com familiares e sobreviventes.
"Não deixe de ver!", no dizer de Lillian Witte Fibe. Ou ainda, "a história do sobrevivente, ainda nesta edição". Era o sobrevivente que, no primeiro dia, o JN pouco mencionou, ampliando o suspense para a edição seguinte.
Ele próprio, vítima, narrou detalhadamente a cena.
Que ninguém questione, de qualquer forma, a dramaticidade das imagens. Elas correram mundo ontem, da Eco argentina à TF1 francesa à BBC inglesa, à CNN mundial.
Na CNN, entraram as cenas, mais os correspondentes e uma entrevista ao vivo, com Paulo Henrique Amorim.
Invadiram toda parte. Na TV Senado, lá estava um senador de Goiás deplorando. SBT, Band, toda parte.
Também, claro, na programação da Globo, em que se incluem Globo News e CBN.
Comentários de Arnaldo Jabor, Chico Pinheiro. Entrevistas com governador, ministro, presidentes do Congresso e do Supremo. Com comandantes e até o ouvidor da PM. Com três petistas, a Anistia Internacional, com "populares".
A emoção, porém, só no JN. Uma telenovela sem fim, a comover da dona-de-casa ao presidente da República.

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