São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Tortura da PM derruba 2 comandantes

DA REPORTAGEM LOCAL

Dois comandantes da Polícia Militar foram afastados por causa do escândalo da tortura, extorsão e morte envolvendo PMs de Diadema (Grande São Paulo). A decisão foi tomada ontem à noite pelo governador Mário Covas.
O coronel Paulo Miranda de Castro, diretor da Corregedoria da PM, e o coronel Luiz Antônio Rodrigues, comandante do policiamento do ABCD, foram afastados porque não comunicaram aos seus superiores que havia uma fita de vídeo que mostra a ação dos policiais durante três noites na favela Naval, em Diadema. Na fita (exibida anteontem pelo "Jornal Nacional"), os dez PMS são mostrados roubando, torturando e dando o tiro que matou José Mário Josino, no dia 7 de março.
Castro chefiava parte das investigações. Rodrigues, os PMs envolvidos nos crimes. Além deles, deve ser afastado hoje o comandante do batalhão de Diadema, o 24º.
Ontem, o governador Mário Covas disse que é impossível garantir que violências como as praticadas pelos PMs de Diadema não vão se repetir. "Não deve servir como desculpa, mas vemos coisas assim até em outro países."
No local dos crimes, os moradores afirmam que os PMs já agiam na favela havia pelo menos três meses. "Eles viviam aterrorizando a gente. Faziam o que queriam, e nós não tínhamos a quem recorrer" diz a moradora da favela Valquíria Leopoldina Leite.
Os dez policiais tiveram a prisão temporária de 30 dias decretada ontem pelo juiz Paulo Roberto Marafanti. Até sexta-feira, a perícia prometeu acabar os laudos. Com isso, o promotor José Carlos Blat disse que denunciará os PMs por homicídio doloso e formação de quadrilha na Justiça comum.
Presos, os PMs devem responder também a processos na Justiça Militar. Se condenados, podem pegar até 95 anos de prisão.

LEIA MAIS sobre os crimes de PMs em Diadema da pág. 2 à 5

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