São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Três morrem durante hemodiálise

FAUSTO SIQUEIRA
DA AGÊNCIA FOLHA, EM SANTOS

Três pacientes morreram anteontem à tarde durante uma sessão de hemodiálise na Santa Casa de Santos, maior hospital do litoral paulista.
O chefe do Serviço de Hemodiálise da Santa Casa, o nefrologista Eduardo Gasi, 49, disse ontem que não pode afirmar que a causa das três mortes é a mesma.
"O renal crônico é um doente muito grave. Ele pode morrer a qualquer hora", disse o médico.
Apesar disso, ele afirmou que, em 18 anos de existência do serviço, é a primeira vez que ocorrem mortes simultâneas em uma mesma sessão.
A suspeita inicial dos médicos do serviço era de que os pacientes pudessem ter sofrido parada cardíaca, complicação à qual estariam sujeitos em casos graves.
Segundo Gasi, a sessão foi interrompida "por precaução" após a ocorrência das mortes. O material usado na diálise foi trocado e todo o equipamento foi vistoriado e testado, sem que nenhum problema tivesse sido constatado.
A água usada no tratamento -que motivou a morte de pacientes de hemodiálise no ano passado em Caruaru (PE)- também foi analisada, sem apresentar problemas, segundo o chefe do serviço.
Ontem, as sessões já tinham sido retomadas e o serviço funcionava normalmente. O setor de hemodiálise da Santa Casa de Santos tem cerca de 150 pacientes e atende, em média, 50 por dia, a maioria pelo SUS (Sistema Único de Saúde).
Os pacientes são submetidos à diálise três vezes por semana. Cada sessão dura quatro horas. O serviço funciona de segunda a sábado, das 7h às 24h.
O hospital dispõe de 22 aparelhos de hemodiálise e tenta obter financiamento junto ao BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) para a aquisição de mais 25.
Segundo Gasi, o hospital pretende firmar um convênio com a Faculdade de Medicina da USP (Universidade de São Paulo) para passar a fazer transplantes de rim, a fim de que os pacientes não precisem mais fazer hemodiálise.
"Temos toda a estrutura para fazer os transplantes", afirmou. Segundo ele, o convênio garantiria o treinamento dos profissionais.
O secretário municipal da Saúde de Santos, Odílio Rodrigues Filho, afirmou ontem que a Vigilância Sanitária vai investigar as mortes.
"Até prova em contrário, tanto a Santa Casa quanto o Serviço de Hemodiálise são de bom padrão. Nunca tivemos queixa", disse.
Helena de Oliveira, 51, mulher de Élcio Toledo Festas, 63, um dos pacientes mortos, disse que vai aguardar a apuração das causas para decidir se adotará alguma medida contra o hospital. Os outros dois mortos são Francisca Martins, 60, e Almino de Lima, 56.

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