São Paulo, quarta-feira, 2 de abril de 1997
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Incêndio destrói edifício comercial de SP

ROGÉRIO GENTILE

ROGÉRIO GENTILE; FABIO SCHIVARTCHE
DA REPORTAGEM LOCAL

Fogo danificou três andares de uma loja na região central; funcionários foram resgatados por helicóptero

Um incêndio destruiu na manhã de ontem três andares de um prédio comercial na rua 25 de Março, no centro de São Paulo.
Não houve feridos. Três pessoas foram levadas para o Pronto-Socorro Vergueiro com intoxicação, sendo liberadas em seguida.
O incêndio começou às 7h45 e só foi totalmente controlado às 14h30. Os trabalhos de rescaldo prosseguiram até o início da noite.
O prédio, de número 1.018, tem seis andares e é ocupado pela loja Cassia Nahas, especializada em artigos para cama, mesa e banho.
O incêndio começou no depósito da loja, no quarto andar, e atingiu também o quinto e o sexto.
Quatro funcionários da loja foram resgatados por um helicóptero da Polícia Militar na laje do imóvel, cerca de 30 minutos após o início do fogo.
Segundo os bombeiros, os funcionários Antônio Alves da Silva, Justino Vieira de Araújo, Raimundo Silva Neto e Raimundo Magalhães de Brito teriam tentado apagar o incêndio, mas acabaram não conseguindo sair do prédio por causa da cortina de fogo.
Os três primeiros precisaram ser levados para o PS-Vergueiro por motivo de intoxicação. As causas do fogo ainda não são conhecidas.
Uso irregular
A loja incendiada estava funcionando irregularmente, segundo o diretor do Contru (Departamento de Controle do Uso de Imóveis), Antônio Luiz de Paiva Brito.
O diretor diz que o imóvel não possuía o auto de vistoria de segurança, que é emitido pelo Contru, e o alvará de funcionamento.
"Em agosto de 1996, os proprietários tentaram regularizar a situação, apresentando um projeto de segurança. Mas, até agora, ele não foi aprovado porque apresenta alguns problemas", afirmou.
"Se pensarmos legalmente, o prédio não poderia estar funcionando", afirmou. Ele disse que o Contru teria interditado o prédio se tivesse recebido denúncia.
Brito afirmou que em São Paulo existem muitos outros edifícios com a mesma situação. "Mas, mesmo que o Contru dispusesse de 50 mil técnicos, não seria possível fechar todos eles."
Os donos da loja dizem que as medidas de segurança foram tomadas. "Apresentamos o projeto e estávamos esperando a aprovação. O prédio não havia sido interditado, por isso estávamos funcionando", afirmou Daniela Cassia Curi, diretora da loja.
Sem água
Os bombeiros tiveram dificuldades para apagar o fogo. Nos primeiros dez minutos de trabalho, houve insuficiência de água na região do acidente. Um hidrante, em frente ao imóvel, não funcionou.
Segundo o engenheiro da Sabesp Marcelo Ginesi havia muita sujeira obstruindo a chave do equipamento, localizada sob a calçada.
Os bombeiros recorreram aos hidrantes de ruas próximas, que, ao serem usados ao mesmo tempo, sofreram uma queda de pressão, reduzindo a quantidade de água. Caminhões-pipa dos bombeiros e da Sabesp foram acionados.
Outra dificuldade encontrada pelos bombeiros foi a grande quantidade de material combustível que estava estocado no local.
Trânsito
O incêndio obrigou a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego) a interditar algumas ruas da região central, o que causou um grande congestionamento.
Às 8h30, a central de operações da CET registrou um pico de 134 km de lentidão, quase igualando o recorde do ano para o período da manhã -137 km, no dia 27 de fevereiro.
As avenidas 23 de Maio e Prestes Maia (com 7,1 km de lentidão) foram as vias mais afetadas pelos congestionamentos. A avenida do Estado e a Radial Leste também apresentaram grande lentidão.

Colaborou Fabio Schivartche

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