São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Infecciosas matam 17 milhões ao ano

DANIELA FALCÃO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A cada ano, cerca de 17 milhões de pessoas morrem no mundo em decorrência de doenças infecciosas emergentes ou reemergentes como tuberculose, Aids, cólera ou febres hemorrágicas.
Até a metade da década passada, a maior parte dessas doenças estava sob controle ou não existia. Por isso, a OMS (Organização Mundial da Saúde) decidiu usar a data 7 de abril, quando é celebrado o Dia Mundial da Saúde, para fazer um alerta geral sobre o risco que essas doenças representam hoje.
"É preciso melhorar a rede de informações sobre essas doenças. Quanto mais rápido for o diagnóstico de um surto epidêmico, maiores as chances de isolar a população infectada e evitar uma catástrofe", diz o infectologista norte-americano Jorge Arias, consultor da Opas (Organização Pan-Americana da Saúde) no Brasil.
Nas Américas, o reaparecimento de doenças que estavam controladas -como tuberculose, cólera, malária e dengue- tem como principais causas a urbanização acelerada (criando bolsões de miséria), a deterioração de programas de saúde pública e o uso indiscriminado de antibióticos.
A volta do cólera na América Latina em 1991 -atingindo mais de 1 milhão de pessoas e causando 11 mil mortes- é um exemplo clássico das doenças infecciosas que reaparecem devido à falta de saneamento e falência dos programas de saúde pública.
Em 1995, o cólera estava presente em 14 países americanos. No ano passado, em 17.
Já o surgimento de novas doenças está associado a mudanças ecológicas em decorrência do desmatamento de florestas virgens, uso de pesticidas, poluição e consumo e produção em larga escala de alimentos manufaturados.
O surto de diarréia provocado pela bactéria Escherichia coli -que matou pelo menos quatro crianças nos Estados Unidos em 1982- é um exemplo de doença emergente transmitida por alimentos manufaturados.
O hantavírus -que fez vítimas fatais nos EUA, Canadá, Argentina, Chile e Brasil- é resultado de mudanças ecológicas. Após inundações ocorridas no sudoeste dos EUA em 1993, houve uma proliferação em massa de ratos e o aparecimento da doença. Ela é transmitida pela saliva, urina e fezes dos roedores e causa infecção pulmonar e febre hemorrágica.
Entre 1980 e 1995, pelo menos 15 novas doenças infecciosas atingiram a população mundial.

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