São Paulo, sexta-feira, 4 de abril de 1997
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Brasil manda experimento ao espaço

RICARDO BONALUME NETO
ESPECIAL PARA A FOLHA

O ônibus espacial americano Columbia deverá ser lançado hoje às 16h (horário de Brasília) do Centro Espacial Kennedy, na Flórida (EUA). E pela primeira vez na história dessas viagens espaciais há um experimento brasileiro a bordo.
O experimento constitui no crescimento, em ambiente espacial, de cristais de duas proteínas.
Ele foi projetado pela equipe de Glaucius Oliva, do Instituto de Física de São Carlos da USP. As proteínas são originárias da semente da jaca e do parasita causador da doença de Chagas.
O vôo será uma longa missão de 16 dias. O ambiente espacial é caracterizado pelo que a Nasa chama de "microgravidade". Esse ambiente favorece o crescimento de cristais de melhor qualidade, o que facilita a identificação de sua estrutura molecular.
Quando uma nave entra em órbita da Terra ocorre uma aparente ausência de peso causada pela falta de uma força gravitacional dirigida para baixo.
A força de atração gravitacional exercida pela Terra sobre os outros corpos celestes diminui com a distância do planeta.
Saúde
Os estudos com as duas proteínas têm implicações importantes na área de saúde.
Os cristais permitem conhecer a estrutura físico-química de uma proteína. A imagem da estrutura é trabalhada através de programas de computação gráfica. Essas visualizações permitem criar medicamentos adaptados para agirem na proteína.
A proteína da semente de jaca age no sistema de defesa do organismo, conforme descoberta da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP).
Ela atua no controle da inflamação e poderia servir como adjuvante -intensificadora da resposta imunológica do organismo- em vacinas.
A segunda proteína é uma enzima que tem papel importante no metabolismo de açúcares do Trypanosoma cruzi, o protozoário que causa a doença de Chagas e é essencial para a vida do bicho. Um medicamento que impedisse a ação dessa enzima seria opção para tratar a doença de Chagas.
O experimento vai usar tecnologia de crescimento de cristais no espaço desenvolvida pelo Centro de Cristalografia Macromolecular da Universidade de Alabama em Birmingham.
A empresa Brazsat intermediou o processo de colocação do experimento a bordo. O Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais) também participa.

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