São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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TVs exibem versões diferentes sobre fita de vídeo

DA REPORTAGEM LOCAL

As TVs Globo e Bandeirantes apresentaram ontem em seus telejornais da noite versões conflitantes sobre quem seria o autor da fita de vídeo com a ação da PM em Diadema e de como ela teria chegado às mãos da polícia.
O "Jornal Nacional" disse que o autor da fita é um cinegrafista free-lancer, identificado apenas como Francisco, que já teria trabalhado em emissoras de televisão, inclusive na Globo.
No dia seguinte, dois tenentes da PM teriam ido à sua casa pegar a fita. Francisco teria feito uma cópia e enviado à Globo.
O "Jornal da Band" apresentou duas entrevistas, uma gravada na favela Naval e outra ao vivo, no estúdio da emissora.
Também apresentado na Bandeirantes como cinegrafista profissional, com passagens em emissoras de televisão, o suposto autor da fita caiu em contradição quando tentou explicar o caminho percorrido pelo vídeo.
Entrevistado no estúdio pelo apresentador Paulo Henrique Amorim, Antônio primeiro disse que, no dia 24 de março, foi a um batalhão da PM e deu a fita a um menino para que este a entregasse a um PM.
Inicialmente, também afirmou que teria remetido uma cópia em preto em branco da fita para a promotoria.
Num segundo momento, o suposto cinegrafista disse que teria ido a uma delegacia -em vez de a um batalhão- e entregue a fita ao menino que a repassaria. Caindo mais uma vez em contradição, negou então que teria enviado uma cópia à promotoria. Nem Paulo Henrique entendeu direito a história.
Na Bandeirantes, Antônio disse que se deu conta de que tinha uma "bomba" na mão depois que ficou sabendo que o ocupante do Gol havia sido morto pela PM.
Ele disse que deu a fita para a PM na esperança de que a polícia fizesse justiça e negou que tenha feito a filmagem a mando de traficantes ou que tenha ganho dinheiro com a fita. "Pode abrir a minha conta corrente", afirmou.
O diretor de jornalismo da Rede Globo em São Paulo, Amauri Soares, disse ontem que a versão sobre o cinegrafista de Diadema veiculada pelo "Jornal Nacional" é a "verdadeira".
"Nós mantemos e confirmamos tudo o que foi dito na reportagem do 'Jornal Nacional"', afirmou.
Segundo Soares, o cinegrafista realmente se chama Francisco, como foi apresentado pelo "JN". "Ele é cinegrafista free-lancer e já trabalhou para a Globo."
Soares não se manifestou a respeito das contradições sobre como a fita foi parar na polícia e na Rede Globo, levantadas pelo "Jornal da Band" de ontem.
O editor-chefe do "Jornal da Band", Paulo Henrique Amorim, não foi localizado pela reportagem da Folha até as 23h de ontem. Na emissora, afirmaram que ele estava em reunião.
O "Jornal Nacional" de ontem teve picos de até 45 pontos de audiência -cada ponto equivale a cerca de 80 mil telespectadores na Grande São Paulo. O "Jornal da Band" teve média de 2 pontos.

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