São Paulo, sábado, 5 de abril de 1997
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País do futebol

JOSÉ HENRIQUE MARIANTE

Ficou definitivamente provado que a velha fórmula está ultrapassada. Não, não é a F-1 que se desgastou. Ela continua o espetáculo de sempre, com seus altos e baixos.
O que acabou de vez é a sua tradução brasileira, de tom futebolístico, que só encontrava sustentação quando se tinham pelés do asfalto, algo que, pelo menos por enquanto, não existe mais.
Ao contrário do futebol, que sobrevive à falta de organização graças a uma produção inesgotável de ligamentos e meniscos, o automobilismo depende basicamente dos heróis.
Caro, o esporte é para poucos. Desses poucos, uma parcela mínima dá para a coisa. E, desse mínimo, um ou dois, com sorte, são vencedores de verdade.
Talvez por isso sejam pintados como heróis, exclusivos, capazes de suportar patrocinadores, público e mídia, fechando o círculo econômico do qual depende qualquer esporte na atualidade.
Os heróis se foram, sobraram patrocinadores e mídia. Ambos sem saber bem o que fazer.
Nesses últimos anos, o tal círculo se transformou em uma espiral invertida, que vem se fechando, por ignorar o público, que mudou, todo mundo sabe, mas ninguém entendeu.
Um público obviamente menor do que o dos velhos tempos, mas que não mudou de canal na hora que os representantes brasileiros abandonaram o GP no fim-de-semana passado.
E que não precisa ouvir bravatas, promessas ou explicações, pois sabe como as coisas funcionam.
Um público que anseia por novidades, mas é tratado de forma anacrônica. E não há exceções.
Está mais do que na hora de as coisas mudarem.
*
Prost continua com sorte. Mas é inegável que seu projeto está demonstrando consistência. Notável também foi o desempenho de Hill com o Arrows.

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