São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Inquérito sobre PC já enfrenta dificuldade

Apuração emperra sem quebra de sigilo de mafiosos

LUCAS FIGUEIREDO
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Aberto há somente duas semanas, o inquérito que apura envolvimento de Paulo César Farias com narcotraficantes italianos começa a enfrentar dificuldades por causa da falta de articulação entre Polícia Federal, Ministério Público e Justiça Federal.
Como consequência dessa falta de entrosamento, as investigações formais ficarão, por enquanto, sem um instrumento para comprovar judicialmente a ligação dos traficantes italianos com o ex-tesoureiro da campanha presidencial de Fernando Collor de Mello.
Esse instrumento é a quebra de sigilo bancário de dois italianos -Antonio Scambia e Angelo Zanetti- que participavam da rede de narcotráfico à qual PC Farias era ligado. A movimentação bancária dos dois italianos é essencial para as investigações.
Elementos insuficientes
Os problemas do inquérito começaram quando a PF pediu à Justiça Federal que enviasse à Suíça e à Itália cartas rogatórias solicitando a quebra de sigilo bancário de Scambia e Zanetti.
O processo corre sob sigilo de Justiça. Mas, segundo apurou a Folha, o juiz Marcos Vinícius Reis Bastos negou o pedido.
Ele considerou que os argumentos da PF não eram suficientes e que aceitaria apreciar um novo pedido caso elementos mais concretos fossem fornecidos.
Antes de seguir para a Justiça Federal, o pedido da PF de quebra de sigilo dos italianos foi apreciado pelo Ministério Público, que deu parecer contrário à solicitação.
No Ministério Público, critica-se a postura da PF e do Ministério da Justiça de não terem convidado um procurador para acompanhar a delegação que foi à Roma no início do mês tomar conhecimento das investigações feitas pela polícia e pela Justiça da Itália.
Na visão do MP, isso seria importante porque o inquérito sob responsabilidade da PF é somente uma peça das investigações.
Para que o caso PC-máfia se transforme em processo judicial, é preciso que o Ministério Público dê seu aval para o inquérito feito pela PF, ofereça denúncia à Justiça e consiga sua aprovação.
Como não havia nenhum procurador na delegação, o Ministério Público depende dos relatos dos agentes da PF que estiveram em Roma para instruir o caso.
O MP tem dois procuradores com pós-graduação na Itália: Carlos Eduardo Vasconcelos (processo criminal) e Rodrigo Janot (processo civil).

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