São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Reencontro causa 'vale a pena ver de novo'

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Reencontros casuais com antigos namorados são perigosos. Especialmente para a atual mulher deles. Se a coisa foi forte no passado, a possibilidade de turbulência doméstica aumenta.
"Cruzei com meu primeiro namorado por acaso, há dois anos, depois de 20 sem vê-lo", conta a empresária Lucrécia T., 45. "Ele quis até deixar mulher e filhos."
Lucrécia diz que nesses 20 anos teve outras paixões, namorou alguns homens, chegou a casar. O reencontro com o ex foi em um escritório de advocacia.
"Um dia tive de resolver o problema de uma herança de família e uma amiga me indicou o escritório. Ele trabalhava lá."
Lucrécia afirma que não sentiu nada quando viu o ex-namorado, "embora ele estivesse igual".
Ela lembra que, apesar de ter sido mais apaixonada do que ele no passado, agora ele parecia mais "transtornado" do que ela. "Ele não conseguiu se controlar."
Ela consultou o outro advogado sobre a papelada da herança, despediu-se do ex e foi embora.
"Quando cheguei em casa o telefone tocou", lembra. "Era ele." (leia depoimento ao lado).
Vesícula
O namoro da empresária Patrícia C., 38, com o ex-namorado-já-casado-com-outra durou nove anos.
"Ele me deixou para casar com outra", conta Patrícia. "Eu me afastei e fiquei sem vê-lo, sem nem sequer ouvir a voz dele, durante dois anos", lembra.
Patrícia só o reencontrou quando foi visitar um tio que havia sido operado da vesícula.
"Assim que eu entrei no saguão do Einstein, ele estava ali com a mulher. Nos olhamos de longe, mas sem cumprimentos, porque ela tem medo de mim."
Na mesma noite, ele ligou para Patrícia. "Começamos tudo de novo", lembra. "Mais um ano e meio de namoro."
Um dia ele comunicou a Patrícia que havia se separado. "Foi a única vez que o tive só para mim."
Por pouco tempo. "Depois de uns meses desconfiei que havia mais alguém na parada", ela lembra. "Era a mulher com quem ele está casado até hoje."
Só amante
A história se repetiu. "Ele casou com ela há mais de três anos", conta. "Voltamos a nos encontrar um tempo depois."
Patrícia diz que, reavaliando todo o relacionamento com o ex, atualmente ela acha melhor ter sido mesmo só sua amante.
"Houve um tempo em que eu daria tudo para me casar com ele", diz ela."Hoje, dou graças a Deus de não ser a 'oficial' de um cara que não sabe viver sem 'outras'."
A pernambucana Wanda K., 39, concorda com a lógica de Patrícia, mas um pouco tarde.
"Vivo uma situação inversa", conta. "Conheci meu marido um ano depois de ele terminar um namoro longo."
Wanda conta que só se "libertou do fantasma da outra" quando parou de "perseguir" o marido. "Dava incertas em tudo quanto era lugar. Sempre o encontrava com mulheres novinhas, bem tratadas, e eu toda maltrapilha", diz.
"Agora me responda: para que ficar correndo atrás de um sujeito que toda noite dorme na minha cama?", diz. "Não faz sentido."
A propósito, Wanda afirma que o marido "nem é tudo isso". "A gente fica atrás de marido (e só tem esse assunto) por falta de outro. Se abstrair, não sobra nada."
Wanda diz que seu próximo passo é namorar "outro". "Só preciso de uma recauchutagem."

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