São Paulo, domingo, 6 de abril de 1997
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Corrida é hobby de final de semana

Aventura faz motorista se tornar piloto ocasional

HENRIQUE SKUJIS
DA REPORTAGEM LOCAL

Para realizar um desejo de criança, para aliviar o estresse ou até para competir e vencer, todo mês dezenas de motoristas procuram cursos de pilotagem.
Sem contar a parte financeira, a distância entre o asfalto das ruas e o das pistas de corrida não é assim tão grande.
Com vontade, talento e pelo menos R$ 1.300 para pagar o curso -além de um patrocínio que banque entre R$ 3.000 e R$ 10 mil por corrida-, o motorista tem tudo para se tornar um piloto.
César Augusto Visconti, 20, é um exemplo vivo de um piloto de fim-de-semana. Comerciante de automóveis, ele sempre quis ir para as pistas. "Tenho paixão por velocidade", diz.
Em 95, procurou um curso e, no ano seguinte, participou da Copa Corsa. Obteve boas colocações e, neste ano, vai para Fórmula Uno.
Espera que os R$ 80 mil "doados" por uma rede de farmácias sejam suficientes para a temporada. "Se o dinheiro não der, banco o restante."
O administrador de empresas Rodnei Felício fez um curso de pilotagem em 93. Começou no Campeonato Paulista de Esporte Protótipo e de Força Livre. Neste ano, briga em duas categorias: Stock-car e Fórmula Chevrolet.
Felício já havia participado de corridas de arrancada, mas ele diz que o curso de pilotagem foi importante para ter o contato com o carro de corrida.
"Vou competir para ganhar a corrida, mas o que eu quero nas pistas é ter um hobby de fim-de-semana", afirma.
Mulheres na pista
Nem só homens participam de corridas. Atrás de emoção, a estudante Renata Noddeo, 19, entrou em um curso de pilotagem em 94. Dois anos depois, comprou um Opala 4.1 e se inscreveu na categoria Super Stock. Ela subiu três vezes ao pódio e terminou o campeonato na nona colocação. "Correr, para mim, é uma terapia."
Outra representante do sexo feminino é a estudante Cintia Mirella, 18, que entrou no mundo da competição por acaso.
Ela fez um curso só para se adaptar ao trânsito. "O instrutor disse que eu levava jeito para correr, então fiz o curso de pilotagem."
Em 96, participou da Copa Corsa. "Serviu como teste." Neste ano, está inscrita novamente.
O que levou o empresário Flávio de Oliveira Jordão, 26, às corridas foi sua admiração pelos brasileiros da F-1. Em 97, Jordão vai pilotar na F-Uno e na Fórmula Alpie. Uma confecção vai bancar R$ 80 mil. "Espero que o valor seja suficiente para pagar toda a temporada."
Otávio Saviano Júnior seguiu um caminho diferente. Sem fazer curso, gastou R$ 8.000 e transformou seu Gol 1000 em um modelo 2.0 turbinado para competir nos campeonatos de arrancada. Ele calcula que o carro chegue aos 100 km/h em 4 segundos. O Gol GTI 2.0 16V precisa de 8,8 segundos.

LEIA MAIS sobre pilotos de fim-de-semana à pág. 6-3

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