São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Gratificação aumenta assassinatos no Rio

EMANUEL NERI; SERGIO TORRES
DA REPORTAGEM LOCAL DA SUCURSAL DO RIO

A entidade de direitos humanos atribui o incremento da violência à ida do general do Exército Nilton Cerqueira para a Secretaria de Segurança. Para a Human Rights, Cerqueira estimula o uso da violência em operações policiais.
Cerqueira assumiu a secretaria em maio de 95. Coube a ele ressuscitar uma antiga política do regime militar -a promoção por atos de bravura, apelidada no Rio de gratificação "faroeste". Na prática, segundo a Human Rights, ganha mais quem mata mais suspeitos.
A Ordem dos Advogados do Brasil pedirá hoje ao Tribunal de Justiça (TJ) do Estado que proíba o pagamento dessa gratificação.
A Human Rights fez um levantamento sobre processos que promoveram policiais entre 25 de maio de 95 -logo após a posse de Cerqueira- e 16 de abril do ano passado. Naquele período, 179 policiais foram promovidos.
Para que eles recebessem promoções ou gratificações salariais, esses policiais se envolveram em 92 incidentes envolvendo civis. Foram mortas 72 pessoas. Mas há outro problema com a premiação de bravura criada por Cerqueira.
A Human Rights diz que o "incentivo à bravura" distorce a hierarquia na PM do Rio. Dependendo do grau de bravura demonstrado pelo policial, a gratificação sobre os salários vai de 50% a 150%.
Isso faz com que o salário de um 1º sargento (R$ 937,16) chegue no final do mês a R$ 2.699,65, caso seja gratificado com 150%. Nessa hipótese, vai superar por pouco o de um coronel -R$ 2.696,96 -, que tem o posto mais alto na hierarquia da polícia.
Segundo a OAB, a gratificação é inconstitucional por desnivelar salários de PMs e de bombeiros.
"Bombeiros também salvam vidas e não têm sido gratificados", disse o vice-presidente da seção Rio da OAB, Fernando Fragoso, que entrega representação hoje ao TJ.
(EMANUEL NERI e SERGIO TORRES)

Texto Anterior: Leitor reclama de caixa de banco em SP
Próximo Texto: Governador apóia política
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.