São Paulo, terça-feira, 8 de abril de 1997 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Volta (abrupta) ao Brasil
CLÓVIS ROSSI Munique - Terça-feira passada, telejornal da TF2, canal francês: a tela se enche com a imagem do PM espancando um jovem negro em Diadema, no cinturão industrial de São Paulo. O âncora diz: "Bienvenues a Saint Paulô".É uma volta abrupta à realidade brasileira, depois de dez dias de desligamento quase total. Meia dúzia de frustradas tentativas de acessar a página da Folha na Internet me fizeram desistir de saber notícias da pátria. O jornal que habitualmente leio em viagens internacionais ("The International Herald Tribune") não traz uma linha de Brasil (nem antes nem depois de Diadema). Depois de Diadema, no entanto, a caixa eletrônica de correspondência vibra de indignação com o caso. Quase todas as cartas tratam do assunto, unanimidade rara. Alneu de Andrade Lopes, colhido também no exterior pelo episódio, pede pura e simplesmente a extinção da Polícia Militar. O leitor lamenta o "desserviço" que a PM estaria prestando ao "colocar o Brasil nas manchetes internacionais como um país semibárbaro". Não sei, não, Alneu. Violência policial não é monopólio dos países subdesenvolvidos. Que o diga Rodney King, espancado pela polícia de Los Angeles (EUA) também sob a mira de um cinegrafista amador. O problema, como diz corretamente outro leitor (que pede reserva do nome), é que a PM atual foi moldada como linha auxiliar do regime militar, para combater o "inimigo interno". Antes, caçava "comunistas". Hoje, sua banda podre mata menores na Candelária, sem-terra no Pará, presos no Carandiru etc. Quando apanhados, no máximo os PMs ficam presos "no Romão Gomes, aquele mesmo presídio de onde fugiu o cabo Bruno" (matador travestido de policial), como lembra Renato Ferreira da Silva Jr. (de Santos, SP). Às vezes, o Brasil é mesmo um "país semibárbaro", Alneu. Texto Anterior: ENERGIA COM A POLÍCIA Próximo Texto: Desse mato não sai coelho Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |