São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
Próximo Texto | Índice

FHC define política para globalização

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O presidente Fernando Henrique Cardoso disse ontem que o Estado deve administrar os efeitos positivos e negativos da globalização, mas sem proteger setores específicos da concorrência com os produtos estrangeiros.
"É preciso que haja um aparelho de governo e uma capacidade política ativa para que possamos nos beneficiar ao máximo dos (aspectos) positivos e restringir aqueles que são menos positivos ou podem a vir a ser daninhos para o país", afirmou FHC, durante cerimônia de assinatura de atos para o estabelecimento de políticas de investimento para as telecomunicações.
Ainda em seu discurso, o presidente criticou os empresários que pedem proteção alfandegária ao governo para garantir a competitividade de seus produtos.
"Em vez de nos fixarmos às velhas políticas de substituição de importações, (devemos) nos preparar para uma política na qual haverá um papel para os grupos empresariais, que discutem, em nível corporativo mesmo, muitas vezes, com o governo. Mas esse papel não pode ser, simplesmente, de pedir: 'proteja-me"', disse.
Na gestão FHC, o governo brasileiro foi questionado na OMC (Organização Mundial do Comércio) devido a regimes supostamente protecionistas para os setores automotivo, têxtil e de brinquedos.
Também no atual governo, a tarifa média de importação registrou alta pela primeira vez desde 88 (quando a alíquota média era de 41%), pelo menos. Depois de chegar a 11,3%, em 94, a tarifa média passou a 12,6% em 95, quando se lutava contra o déficit comercial.
O presidente afirmou que a "proteção verdadeira" hoje é: "informe-me e sinalize qual é o futuro, para que eu possa me organizar para enfrentar esse futuro e para que eu possa competir, com condições semelhantes àquelas dos que estão do outro lado das barreiras nacionais".
FHC disse que o papel do governo não é mais produzir reservas de mercado por intermédio da elevação de tarifas de importação.
"O novo desafio é de uma reformulação das políticas e do próprio aparelho do Estado para que ele possa (...) manter uma atividade de sinalização para que o mercado possa atuar de forma mais consequente com o que é o interesse nacional."
Falando sobre os aspectos negativos da globalização, FHC citou o impacto sobre os empregos.
"A reestruturação industrial leva a uma transformação no sistema de empregos e pode, eventualmente, perder dinamismo quanto à absorção de mão-de-obra, sobretudo da não-qualificada."
Nesse sentido, o presidente disse qual seria a função do Estado. "O governo tem de atuar fortemente para qualificar mais, para aumentar a educação, para ampliar o acesso à educação por parte de toda a população brasileira, para fazer treinamentos específicos."

LEIA MAIS sobre o setor de telecomunicações na pág. 2-10

Próximo Texto: CNI quer proteção da indústria
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.