São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Búfalo e palmito substituem cana no NE

VANDECK SANTIAGO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM RECIFE

A Sudene (Superintendência para o Desenvolvimento do Nordeste) apresenta hoje em Brasília um estudo, feito nos últimos dois anos, que aponta 11 produtos como alternativa para a cultura da cana-de-açúcar na Zona da Mata nordestina.
A apresentação será feita para representantes do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), BNB (Banco do Nordeste do Brasil) e Banco do Brasil, com o objetivo de que essas instituições abram linhas de financiamento para os interessados em explorar os produtos.
A abertura dessas linhas de financiamento está praticamente garantida, disse o responsável pelo estudo, Carlos Caldas, diretor de programas econômicos da Sudene.
A reunião de hoje (que acontece no Ministério da Indústria, do Comércio e do Turismo), entre a Sudene e as três instituições financeiras, será a segunda nos últimos 30 dias. A primeira foi em março, quando as linhas de financiamento tiveram aprovação técnica, segundo Caldas.
É a primeira ação sistemática para tentar acabar com a monocultura da cana na Zona da Mata nordestina, disse Caldas.
A região passa por crise econômica, com metade de suas 118 usinas sem condições de pagar as dívidas, conforme levantamento feito pelo BB em 96.
O principal motivo da crise das usinas, segundo a Sudene, é que elas não se modernizaram e hoje não conseguem competir com as usinas do Centro-Sul do país. Hoje, segundo a Sudene, praticamente a metade da área da Zona da Mata está semi-ociosa, servindo apenas para pastagens de gado e plantações minúsculas.
Num primeiro momento, o cultivo ou criação dos 11 produtos seria feito nessa área semi-ociosa, disse Caldas.
A médio e longo prazos, porém, os produtos poderiam ser utilizados como alternativa à produção das usinas que estão em crise e tendo prejuízo.
A Zona da Mata do Nordeste estende-se pelos Estados de Alagoas, Bahia, Paraíba, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Sergipe.
Preço baixo
Os 11 produtos que, conforme o estudo da Sudene, têm viabilidade econômica para a Zona da Mata são: banana, coco, acerola, seringueira, camarão e palmito.
Os restantes são avicultura de corte, bovinocultura de corte e de leite, piscicultura e búfalo.
Para avaliar a viabilidade do cultivo e criação desses produtos, a Sudene fez "um levantamento detalhado dos custos de cada um deles", afirmou Caldas.
Foram analisados 33 produtos. Os 11 aprovados tiveram preço de produção final mais baixo que o de mercado, disse Caldas.
O presidente do Sindicato da Indústria do Açúcar e do Álcool de Pernambuco, Eduardo Farias, disse que "a diversificação de culturas na Zona da Mata" tem o apoio dos usineiros, mas que o estudo da Sudene "tem alguns furos".
"O coco, por exemplo, está com preços irrisórios por conta da concorrência da produção dos países asiáticos", disse Farias, que também é produtor de coco.
"Ha dois anos e meio eu vendia um coco a US$ 1,20. Hoje vendo a US$ 0,20. Qual a viabilidade econômica desse produto, então?"
Caldas, o responsável pelo estudo da Sudene, disse que o problema da concorrência asiática foi considerado, mas que, mesmo assim, a produção do coco tem viabilidade econômica.

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