São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
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Béjart faz balé com elementos brasileiros

Francês diz que peça 'possui certo surrealismo'

ANA FRANCISCA PONZIO
ESPECIAL PARA A FOLHA

No final dos anos 60, quando o então Ballet do Século 20 se apresentou no Brasil pela primeira vez, o coreógrafo Maurice Béjart alugou um carro e viajou por Estados como Goiás, Amazonas, São Paulo.
A partir das impressões captadas naquela época, Béjart criou o balé "Barroco Bel Canto", que seu grupo, agora denominado Béjart Ballet Lausanne, apresenta na noite de hoje no Teatro Municipal de São Paulo.
"Trata-se de um divertimento de curta duração, sem mensagem específica, mas que procura transmitir a nostalgia de um mundo mágico e tropical. Também possui certo surrealismo, pois mostra a aventura mental de um homem no meio da selva", explicou Béjart na coletiva de imprensa realizada ontem à tarde em São Paulo.
Recém-chegado de Buenos Aires, onde seu grupo foi ovacionado em três noites, Béjart também salientou que "Barroco Bel Canto" se inspira nos pontos comuns entre a arte barroca sul-americana e européia.
Programada somente para a temporada em São Paulo, "Barroco Bel Canto" não será dançada em Curitiba, Rio de Janeiro e Belo Horizonte, onde a companhia se apresenta em seguida.
Nas demais capitais, o elenco de Béjart apresentará "Pássaro de Fogo", concebida em 1970 e uma das melhoras obras do repertório do coreógrafo.
Também diretor da escola Rudra, que, como seu grupo, está sediada em Lausanne (Suíça), Béjart lamenta a falta de oportunidade de encontrar bailarinos brasileiros em São Paulo. Um possível workshop ministrado pelo coreógrafo foi descartado pelo Teatro Municipal.
"Em Buenos Aires, escolhi dois bailarinos de 18 anos para estudar na Rudra, única escola que recebe alunos do mundo inteiro e é gratuita", afirmou.
Segundo o coreógrafo, é importante olhar o futuro. Além de Jorge Donn, estrela de sua companhia que morreu de Aids em 1992, Béjart perdeu muitos bailarinos, muitos de forma trágica, desde que fundou o Ballet do Século 20.
Patrick Belda, por exemplo, morreu aos 24 anos em 1997, num acidente de carro. Na época, Belda era casado com a bailarina brasileira Laura Proença, que também dançava no grupo de Béjart.
"Cada ser humano é único. Mas não podemos escapar de nossa condição. Se alguns se vão, outros virão."

Espetáculo: Béjart Ballet Lausanne
Onde: Teatro Municipal de São Paulo (pça. Ramos de Azevedo, s/nº, tel. 011/222-8698)
Quando: hoje, amanhã e sábado, às 20h30, e domingo, às 17h
Quanto: de R$ 20 a R$ 120
Onde comprar: Cia. dos Ingressos (tel. 3068-0164) e Gálatas Ingressos (tel. 228-2244)

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