São Paulo, quarta-feira, 9 de abril de 1997
Próximo Texto | Índice

Choques em Hebron matam 3 árabes

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Três palestinos morreram no pior dia da atual série de conflitos no Oriente Médio. Os choques na cidade de Hebron, o ponto mais tenso da Cisjordânia, começaram ainda no período da manhã, já com uma morte.
Essa primeira morte aconteceu quando um colono judeu, um jovem de aproximadamente 20 anos, aluno de uma escola religiosa, disparou sua metralhadora Uzi contra um balconista árabe de 24 anos. O palestino aparentemente estava em um grupo que lançava bombas de gás lacrimogêneo e pedras contra israelenses.
Em represália à morte, os palestinos da cidade começaram a agredir os soldados com pedras e bombas de gasolina. Os colonos então entraram no confronto, disparando contra os manifestantes.
Um menino de 15 anos e outro árabe, de 24 anos, morreram. Houve 103 feridos.
A polícia israelense deteve o estudante que atirou e seu acompanhante, que também participou da agressão. O comando israelense disse que houve problemas de cooperação entre os soldados seus e palestinos em Hebron.
Hebron é a única parte da Cisjordânia em que colonos judeus vivem dentro da cidade. Por causa desses 400 judeus, Israel não se retirou completamente de Hebron quando entregou as cidades da região à Autoridade Nacional Palestina: parte dela está ainda sob controle israelense ou conjunto.
Desde o dia 18 de março, há choques diários na Cisjordânia por causa da construção de 6.500 casas para israelenses em Jerusalém oriental, área reivindicada pelos palestinos como capital de um eventual Estado seu.
"O que aconteceu hoje (ontem) é um crime com o incentivo israelense e a clara cobertura norte-americana", reagiu Jibril Rajoub, chefe da Segurança Preventiva Palestina na Cisjordânia.
Os palestinos reclamam do apoio americano ao premiê israelense, Binyamin Netanyahu, que deixou ontem Washington, após se reunir com o presidente Bill Clinton.
Mas, apesar de os EUA serem o principal aliado mundial de Israel, o encontro foi frio e não levou a uma solução aparente para o impasse no processo de paz.
O governo dos EUA se disse "muito preocupado" com os incidentes de ontem, mas o presidente Clinton afirmou que, apesar de não haver resultados práticos em sua reunião de duas horas com Netanyahu, vê "uma chance decente" para a paz.
Os palestinos querem que Israel pare de construir os assentamentos imediatamente, para que as negociações sejam restabelecidas; já Israel acusa os palestinos de incentivarem a onda de violência, inclusive com atentados terroristas.
Uma das consequências diplomáticas da crise foi o "congelamento" das relações dos países árabes e Israel. Ontem, o Movimento dos Países Não-Alinhados seguiu os países árabes e sugeriu a seus 113 membros que também "congelem" relações com Israel.

Próximo Texto: Omã age contra Israel
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.