São Paulo, sexta-feira, 11 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Juíza não aceita adiar depoimento de PMs

DA REPORTAGEM LOCAL

Os dez policiais militares envolvidos em tortura e assassinato em Diadema (Grande SP) serão interrogados hoje, a partir das 13h, pela juíza Maria da Conceição Pinto Vendeiro, da 3ª Vara Criminal de Diadema.
Ontem, os advogados dos policiais presos estiveram no Fórum de Diadema para pedir o adiamento do interrogatório, sem sucesso.
Eles alegaram à juíza que queriam assistir, antes dos depoimentos, as três horas de gravação feitas por um cinegrafista amador e que teve trechos exibidos pela TV.
Diante da negativa da juíza, os advogados iriam se reunir ontem à noite para discutir o que fazer no interrogatório de hoje.
Evandro Fabiani Capano e Wilma Moretti, advogados contratados pela Associação de Cabos e Soldados, trabalham com duas hipóteses.
A primeira seria orientar seus clientes a manter o "nada a declarar" apresentado anteontem aos deputados da Assembléia Legislativa, onde os PMs depuseram à CPI do crime organizado.
Os PMs presos diriam que só deporiam depois de ver a fita com a gravação e os advogados pediriam à juíza que marcasse nova audiência.
A segunda seria responder às perguntas. Nesse caso, manteriam os depoimentos prestados anteriormente.
Desde que ocorreram as agressões, os policiais prestaram dois depoimentos. O primeiro, na Corregedoria da PM, foi feito antes do aparecimento da fita de vídeo que mostrava as agressões. Eles eram acusados pelos colegas de Josino de agressão e homicídio.
Na ocasião, os policiais negaram as acusações à Corregedoria.
O segundo depoimento foi dado à Polícia Civil no dia 2, depois da exibição do vídeo pela TV. Desta vez, dois dos nove PMs presos à época negaram-se a falar.
A Folha teve acesso ao depoimento do soldado Nelson Soares Júnior, em que ele declara ter visto Otávio Lourenço Gambra, o Rambo, acusado de matar Josino, atirar em direção ao solo e não no carro.
A juíza requisitou reforço policial para garantir a ordem no fórum durante os interrogatórios. O pedido foi feito ao tenente-coronel Rubens Casado, atual comandante do 24º batalhão.
O objetivo é impedir manifestações violentas da população e garantir a integridade física dos réus. Pelo menos 25 policiais da Tropa de Choque vão escoltar os presos.
Defesa e acusação poderão acompanhar os interrogatórios. Os policiais entrarão um a um na sala de audiência da vara criminal. Um não pode ouvir o depoimento do outro.

Texto Anterior: Barulho de obra incomoda morador
Próximo Texto: Saiba como evoluirá o caso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.