São Paulo, sábado, 12 de abril de 1997
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Revolta contra uma vacina vira "Sonhos Tropicais"

ERIKA SALLUM
FREE-LANCE PARA A FOLHA

No início deste século, um médico resolveu erradicar a varíola do Rio -e acabou provocando uma verdadeira revolta na cidade. Entretanto, apesar de, hoje, dar nomes a ruas e instituições, Oswaldo Cruz caiu no esquecimento.
Para resgatar esse personagem e conturbado período da história do Brasil em que viveu, o produtor e cineasta André Sturm, 30, resolveu filmar a saga do sanitarista e o episódio causado por ele: a Revolta da Vacina, ocorrida em 1904 no Rio (leia texto nesta página).
"O que me fascina é que essa é uma história com h maiúsculo e minúsculo: tem conteúdo histórico, além de acontecimentos sensacionais", disse o diretor.
O longa-metragem -o primeiro da carreira de Sturm, que também é diretor da distribuidora Pandora Filmes- vai se chamar "Sonhos Tropicais" e baseia-se no livro homônimo do escritor e médico Moacyr Scliar.
As filmagens estão previstas para setembro. O roteiro é de Sturm, Fernando Bonassi e Vitor Navas, que utilizaram, para reconstituir o período, além da obra de Scliar, livros, jornais e revistas da época.
O filme
"Sonhos Tropicais", o filme, vai abordar, principalmente, a fase em que Oswaldo Cruz resolve exterminar a febre amarela e a varíola no Rio.
Haverá um epílogo em que será retratada parte da vida do médico na França, quando estudava instituto Pasteur, em Paris.
Ao retornar ao Brasil, ele colocou em prática seus conhecimentos e diagnosticou a peste bubônica na cidade de Santos.
Tempos depois, assumiu a Diretoria de Saúde Pública e iniciou uma batalha contra a varíola. Não media esforços e, para acabar com as doenças, chegou a comprar os ratos da cidade.
A população, por outro lado, começou a se revoltar com a obrigatoriedade da vacina contra varíola e medidas radicais, como a necessidade do certificado de vacinação para arrumar emprego.
"Oswaldo Cruz era um homem de laboratório, com as melhores das intenções, mas sem jogo de cintura para lidar com o povo", define André Sturm.
No total, irão compor o filme 37 personagens, além de cerca de 800 figurantes, para as cenas de luta durante a revolta.
Além de Oswaldo Cruz, três nomes centrais ocuparão a linha narrativa: Amaral, o "carioca-padrão", que acaba criando ratos para vender ao governo, Prata Preta, negro capoeirista líder da revolta popular, e Ester, uma prostituta polonesa.
Para fazer o papel de Ester, André Sturm está estudando a possibilidade de trazer a atriz francesa Emmanuelle Béart, de "A Viagem do Capitão Tornado" e "Ciúme - O Inferno do Amor Possessivo" (leia texto abaixo).
Para vivenciar Oswaldo Cruz, o diretor pretende convocar Tarcísio Meira, "um astro brasileiro", segundo suas palavras.
A história será rodada no Rio e em São Paulo, onde haverá locações nos antigos bairros operários.
Os cenários e figurinos serão de época, resultando num orçamento de US$ 2,3 milhões. Parte do dinheiro está sendo captado na Lei do Audiovisual e na TV Cultura. Para bancar o restante, Sturm conta que está viabilizando uma co-produção com a França.

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