São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Técnicos polemizam no nado submerso

LUÍS CURRO
DA REPORTAGEM LOCAL

"O treinamento do ano 2000 será intensificado por sob a água. Vai ser a natação do terceiro milênio."
A previsão é de Alberto Klar, 44, treinador do Pinheiros, de São Paulo, e um dos técnicos da seleção brasileira de natação.
Segundo Klar, atualmente, os treinadores do mundo inteiro estão dirigindo cada vez mais tempo dos treinos para que seus atletas obtenham melhor desempenho nos períodos em que ficam debaixo d'água -nas saídas e viradas das competições.
O técnico diz que há maior importância no borboleta e costas. "No borboleta, antes de cada virada só é preciso dar uma braçada, para caracterizar o estilo."
No nado costas, é permitido, na saída e após as viradas, permanecer por até 15 metros sob a água.
"São até 60 metros em uma prova de 100 metros em piscina curta. 60%. Mas hoje ninguém fica 60% do treino embaixo d'água", afirma o técnico, ressaltando que isso deve mudar paulatinamente.
No nado livre, não há limite de metros, e, no nado peito, é regra emergir após a filipina (movimento característico do estilo).
Divergência
Mas outro integrante da delegação brasileira que vai ao Mundial, o supervisor técnico Ricardo de Moura, 45, tem uma linha de pensamento contrária à de Klar.
"Se há uma tendência, é justamente a oposta: na virada do século vai se nadar cada vez mais em cima da água", diz ele.
Moura fala com base em informações da Fina (Federação Internacional de Natação), que deve aprovar, no início de 98, uma regra que limitará no nado borboleta em 15 metros o tempo que o atleta poderá permanecer submerso.
"É o nado em que mais se percebe diferenças. O Denis Pankratov (russo recordista mundial dos 100 m borboleta em piscina de 50 m) nada muito por baixo."
Um exemplo caseiro é Maurício Cunha, que consegue melhor tempo quando nada os 100 m borboleta, sua especialidade, ficando mais tempo por sob a água.
No nado livre, diz Moura, a Fina não pretende impor limites, pois ao praticar o estilo craw, o nadador consegue ser mais veloz, sempre, na superfície.
Ambos os técnicos, porém, concordam em um ponto. É preciso treinamento para desenvolver velocidade debaixo d'água.
"Depende da condição técnica e individual de cada nadador. Os mais baixos costumam ter mais habilidade", diz Moura.
"É preciso de potência nos membros inferiores", afirma Klar.
Para Gustavo Borges, prata (200 m livre) e bronze (100 m livre) em Atlanta, quanto mais eficiente embaixo d'água, melhor se torna a performance do nadador.

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