São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Igreja quer ganhar mais fiéis brasileiros

RICARDO FELTRIN
DA REPORTAGEM LOCAL

A Igreja da Cientologia quer se expandir no Brasil. Com cerca de mil fiéis brasileiros (dos quais cem ativos), prepara campanha publicitária em jornais e revistas para atrair brasileiros, diz a líder da igreja no país, Lúcia Winther, 32.
Ela rejeita comparações com igrejas evangélicas por causa da questão do dinheiro -para fazer os cursos, é preciso pagar taxas de até R$ 135- e diz que os adeptos "não têm de acreditar em nada, não precisam ter fé".
Segundo ela, a igreja elimina os traumas das pessoas e as torna "mais honestas e confiáveis".
Leia, a seguir, trechos da entrevista com Winther.
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Folha - Quando a Cientologia chegou ao Brasil e quantos brasileiros são adeptos hoje?
Lúcia Winther - Estamos no Brasil há dois anos e meio. Temos cadastradas mil pessoas, que aplicam a filosofia. Que frequentam a igreja, ativos, há cerca de cem.
Folha - Qual a filosofia da seita?
Winther - Não é seita, é religião. No mundo, no Brasil, é reconhecida como entidade religiosa. Seu princípio é que o homem é um ser espiritual que precisa de ajuda para estar reabilitando suas capacidades espirituais. Com os ensinamentos, ele volta a adquirir essas habilidades e a usá-las totalmente.
Folha - Que habilidades?
Winther - Por exemplo, quando você quer que algo aconteça, você pensa: sou capaz de conseguir. Mas, no meio disso, você pensa: não vai dar. Com a Cientologia, a pessoa volta ser o que é.
Folha - Isso não é parecido com a neurolinguística?
Winther - Não, é diferente, porque a neurolinguística é bem materialista e não enxerga o homem como um ser espiritual.
Folha - O que a Cientologia se propõe a fazer com seus fiéis?
Winther - Torná-los pessoas sem traumas, alegres, satisfeitas, que sabem o que querem da vida. Tornar as pessoas confiáveis, honestas. O nível ético das pessoas cresce, sem dúvida. As pessoas aprendem isso aqui na igreja.
Folha - Quais são os planos da Cientologia para o Brasil?
Winther - Este ano vamos divulgar a igreja em jornais e revistas de grande circulação. Com isso, queremos levar informação e conhecimento às pessoas.
Folha - A igreja é criticada por cobrar dinheiro de seus fiéis.
Winther - As religiões cobram para sobreviver. Como vamos pagar aluguel, luz, água, telefone?
Folha - Qual o curso mais caro?
Winther - O curso administrativo, R$ 135. Dura de 20 a 25 horas. Ele ajuda a pessoa a administrar melhor seus negócios.
Folha - A sra. não teme que a Cientologia acabe sendo chamada de uma "nova Igreja Universal", que pede dinheiro aos fiéis?
Winther - Não, porque na Cientologia as pessoas têm conhecimento, ninguém tem de acreditar em nada, não precisa ter fé.
Folha - Se a pessoa não tiver dinheiro, pode frequentar a igreja?
Winther - Sim, ela pode fazer algo em troca, um trabalho.

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