São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sem cabimento; Filiação suspensa; Viúvas do cassetete; Sinceridade; Decepção; O cerne da questão

Sem cabimento
"Absolutamente descabida a nota oficial da Prefeitura de São Paulo intitulada 'Precatórios em dia'.
Ao contrário do que afirma a nota, o governo do Estado de São Paulo não obteve vitória alguma, nem redução substancial do valor dos precatórios.
A posição do Supremo Tribunal Federal foi, apenas, no sentido de que o Tribunal de Justiça do Estado explicitasse seus cálculos.
Em segundo lugar, a prefeitura admite que não pagou os precatórios do orçamento do ano passado até a data determinada pela Constituição, ou seja, 31 de dezembro de 1996.
É bom que se saliente que: o afirmado 'zelo pelo dinheiro público' está causando prejuízo ao erário municipal pelo não cumprimento do mencionado prazo constitucional; além disso, não se pode considerar 'exagerado' qualquer valor de precatório, pois o mesmo foi fixado judicialmente, depois de demorada discussão, após julgamento de todos os recursos protelatórios da prefeitura, devidamente acompanhados pelos procuradores municipais que, obviamente, não permitiriam 'exageros'."
José Mario Pimentel de Assis Moura, presidente da Associação Brasileira de Advogados dos Credores da Administração Pública (São Paulo, SP)

Filiação suspensa
"A respeito da carta do deputado Eduardo Jorge ('Painel do Leitor', 11/4), esclareço o seguinte:
- o deputado José Augusto Ramos não foi desligado do PT, teve apenas sua filiação suspensa até que os fatos denunciados em fita de vídeo a que o partido teve acesso sejam esclarecidos; - o Diretório Municipal de Diadema, presidido pelo deputado José Augusto, já está sob intervenção do Diretório Regional de São Paulo, que nomeou comissão de ética para apurar irregularidades constatadas durante as prévias para indicação dos candidatos petistas às eleições municipais de 1996;
- José Augusto será ouvido por comissão nomeada pela Executiva Nacional."
Vera Gomes, secretária nacional de comunicação do Partido dos Trabalhadores (São Paulo, SP)

Viúvas do cassetete
"A pesquisa refletida na manchete 'Maioria quer demissão na Segurança' mostra que a opinião pública está contaminada por desinformação e emocionalismo.
José Afonso da Silva é um homem de bem, e como tal acredita que é possível cuidar de segurança pública sem violar direitos individuais próprios de uma sociedade civilizada.
Por isso (e exatamente por isso) é alvo permanente das viúvas do cassetete, dos ratos de porão do autoritarismo, dos órfãos da ditadura.
Coerente com sua postura -que é de vida, não só de secretariado-, José Afonso teve atitude oposta à dos comandantes que calaram e consentiram, mesmo depois de ver com seus próprios olhos a barbárie de Diadema.
Substituir um secretário digno, honesto e respeitador dos direitos humanos na hora em que estes sofrem desrespeito sem igual é um contra-senso absoluto."
Arnaldo Malheiros Filho (São Paulo, SP)
*
"Ao governador Mário Covas, um homem sabidamente inseguro e indeciso, certamente faltará coragem para punir exemplarmente a cúpula dessa polícia boçal que cometeu essa brutalidade em Diadema.
Mais uma vez, tudo leva a crer que o governador ficará em falta com a sociedade que o elegeu."
Alberto Murray Neto (São Paulo, SP)
*
"A edição de 3/4 traz uma 'nota de repúdio' da Ordem dos Advogados do Brasil, secção São Paulo, a propósito dos bárbaros crimes praticados por elementos que pertencem à PM.
O lamentável é que a mesma dá a impressão de que os criminosos estavam em função policial.
Os criminosos eram PMs, mas na ocasião eram uma quadrilha na qual o aparente chefe era um soldado, dirigindo homens que eram seus superiores hierárquicos: a ação criminosa não era ação policial, era ação de quadrilha de criminosos que utilizaram meios da PM para sua ação."
Orestes Barini, coronel PM (São Paulo, SP)

Sinceridade
"Sobre a campanha publicitária da Folha a respeito da 'sinceridade':
para meu aluno Marcelo Coelho: fiquei feliz quando li sua redação.
Num primeiro momento senti-me triste, chateada, mas como professora que sou, procurei ler nas entrelinhas os reais motivos de suas palavras e a tristeza foi cedendo aos poucos. Em primeiro lugar porque, apesar das palavras pouco elogiosas a meu respeito, percebo que a escola está conseguindo despertar em você uma consciência verdadeiramente crítica. Noto também que seu vocabulário ampliou-se. Sua letra também deu uma melhorada.
Acho que só por esses motivos o nosso ano letivo foi válido. Congratulo-me com você pelos seus progressos, com a escola que frequentou e particularmente -desculpe-me pela falta de modéstia- com o meu próprio trabalho desenvolvido durante os anos letivos passados.
Até concordo com suas palavras quando você fala em reciclagem e novas abordagens. Mas veja você, para quem trabalha em jornada dupla, com difícil acesso a cursos, livros atualizados, sem tempo e dinheiro para deslocamentos, só mesmo a dedicação própria, o apoio dos pais e da escola é que poderão nos incentivar a levar adiante o trabalho pedagógico. Sem contar, Marcelo, que nossa classe tinha quase 40 alunos, lembra?
Bem, termino por aqui, enviando-lhe um abraço cordial. Da sua professora, Célia Maria."
Roseli de Alvarenga Corrêa (Americana, SP)

Decepção
"Com os grandes títulos nacionais e internacionais conquistados no início desta década, o São Paulo foi o clube que mais atraiu torcedores novos, especialmente entre os mais jovens.
Como retribuição ao carinho dos novos torcedores, a atual administração são-paulina oferece a desmontagem do time campeão, reposição com jogadores inexperientes, sucessivas desclassificações em torneios importantes e a desilusão a quem chegou para ficar."
João Groggia Junior (Catanduva, SP)

O cerne da questão
"Ninguém desaprova o trabalho da CPI dos títulos públicos. Entretanto, além desse trabalho investigativo é preciso que a sociedade e a opinião pública conheçam a origem disso tudo.
A Constituição de 1988 é o cerne da questão. O parágrafo único, do artigo 33, do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias (ADCT) é taxativo: 'Poderão as entidades devedoras, para o cumprimento do disposto neste artigo, emitir, em cada ano, no exato montante do dispêndio, títulos da dívida pública não computáveis para efeito do limite global de endividamento'.
O que isso significa? Uma máquina de fazer dinheiro."
Mário Amaral (São Paulo, SP)

Texto Anterior: As reformas constitucionais
Próximo Texto: ERRAMOS
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.