São Paulo, domingo, 13 de abril de 1997
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Excepcional atua em minissérie

DANIEL CASTRO
DA REPORTAGEM LOCAL

Com a minissérie "Direito de Vencer", que estréia amanhã às 20h45, a Rede Record coloca em segundo plano a propaganda religiosa para centrar força no merchandising psiquiátrico.
A minissérie, de 40 capítulos, conta com um núcleo politicamente correto, com vários personagens excepcionais. Não bastasse, a emissora contratou uma portadora de Síndrome de Down para atuar na produção: Vanessa Aparecida de Miranda, 16.
Ela contracena com os atores João Vitti (Tchesco), Níveo Diegues (Tino), Ronaldo Ciambroni (Júlio), Cristina Ciambroni (Alice) e Silvia Pompeu (Sandra).
Na história, todos esses personagens sofrem alguma limitação mental e vivem na "Casa dos Amigos", uma instituição para excepcionais fictícia.
O elo entre todos eles é Tchesco. Tudo começa na primeira fase da minissérie, nos anos 70, com um poderoso industrial, que tem dois filhos: Carlo e Luigi.
Carlo é homossexual e Luigi, como se saberá mais tarde, estéril. Antes de morrer, o industrial exige que Luigi tenha um filho, como condição para herdar toda a fortuna da família.
Então, ele recorre à inseminação artificial e engravida sua mulher com o sêmen do irmão gay.
A gravidez é complicada e Tchesco nasce excepcional. Na maternidade, ele é trocado, pelo pai, por um outro bebê. No futuro, nos anos 90, descobrirá sua origem e irá lutar pelo "direito de vencer".
Vanessa -que ainda não sabe quanto vai ganhar de cachê- virou atriz por acaso. Ela estuda há dez anos na Sociedade Pestalozzi de São Paulo, uma instituição que atende mais de 200 crianças excepcionais.
A Pestalozzi, assim como a Rede Record, é ligada à Igreja Universal do Reino de Deus. Há um mês, a produção de "Direito de Vencer" solicitou à Pestalozzi uma criança para a minissérie.
"Acharam a Vanessa certa para o papel", conta sua mãe, Santilina Miranda, 53. "A gente nunca pensou que isso pudesse acontecer. Esse trabalho vai dar motivação a ela."
Vanessa -que considera personagens como o Emanoel de Selton Mello "não muito reais"- interpreta ela mesma na minissérie. Seu personagem não fala. Sua função é dar mais autenticidade ao núcleo de deficientes mentais.
Para João Vitti, Vanessa serve de parâmetro para os atores. "Nossos personagens são fiéis ao comportamento dos excepcionais. São como a Vanessa."
O ator acredita que a minissérie vai ajudar a combater o preconceito. "Estamos mostrando a situação de uma maneira bonita. Acho que vamos ajudar famílias que têm filhos excepcionais a não escondê-los, mas colocá-los em instituições de ensino", diz.

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