São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
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Leilão não vende obras de Aleijadinho

LEILA MAGALHÃES
FREE-LANCE PARA A FOLHA

Não tiveram compradores as duas peças do escultor Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho, colocadas em leilão na Sociedade Hípica Brasileira, no Rio, nas noites de sexta-feira e sábado.
Nascido em 1730 e tendo morrido em 1814, em Ouro Preto (MG), Aleijadinho é considerado a expressão máxima do barroco sacro.
Cerca de 600 pessoas observaram as duas esculturas. No leilão, cerca de mil peças foram postas à venda, sendo que 380 foram arrematadas. Entre as obras vendidas estavam porcelanas da Companhia das Índias e quadros de Di Cavalcanti.
As esculturas de Aleijadinho integram a coleção do empresário paulista Renato Whitaker, 55, dono de 33 peças feitas pelo escultor.
A escultura Sant'Ana Mestra teve lance inicial de R$ 700 mil. É considerada rara por seu tamanho de 38 cm -pois o escultor preferia formas maiores. A outra peça exposta foi a Virgem do Rosário, com 90 cm de altura e lance mínimo de R$ 1,3 milhão.
O leiloeiro Evandro Carneiro já previa que as peças não seriam vendidas. "Normalmente os compradores começam a se manifestar antes, o que não aconteceu até agora", disse à Folha, no início da noite de sexta-feira.
Na sua avaliação, a exposição das peças em leilão serviu para formar a opinião do mercado. Segundo ele, durante 20 anos o empresário praticamente foi o único comprador das obras do artista barroco.
"Não se tem o costume de vender peças do Aleijadinho no mercado de artes. Já um quadro do Di Cavalcanti o mercado sabe quanto custou no último leilão. Por isso, não há parâmetro de preços para venda imediata destas peças", explicou Carneiro.
Especialistas da Bolsa de Artes do Rio avaliaram dias antes que as duas esculturas de Aleijadinho estavam muito valorizadas.
Os preços iniciais eram comparáveis aos melhores quadros de Tarsila do Amaral e Portinari.
Uma equipe do Patrimônio Histórico Nacional acompanhou o evento. As obras de Aleijadinho que pertencem ao empresário estão com o processo de tombamento iniciado.
Uma vez concluído, só podem ser negociadas dentro do Brasil, não podendo sair do país.

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