São Paulo, segunda-feira, 14 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Casas do século 17 dão graça a Santa Cruz de Cabrália

MARISTELA DO VALLE
DA ENVIADA ESPECIAL

A parte histórica de Santa Cruz de Cabrália não se resume ao bairro de Coroa Vermelha, onde foi rezada a Primeira Missa. Num local alto, mais afastado, de onde se pode avistar a foz do rio João de Tiba, há três edifícios do século 17 que fazem parte da história brasileira.
O maior deles é a Casa de Câmara e Cadeia, que ainda tem grades e correntes da época da construção e atualmente está tombada pelo patrimônio histórico.
Dentro da cadeia há duas celas diferentes, uma para as mulheres e outra reservada aos homens.
Alguns dos pequenos e descredenciados guias locais contam a história de que Cabral teria destinado aos homens a cela com janela porque era homossexual e queria ver os homens mais felizes.
Provavelmente as próprias crianças inventaram a divertida e aparentemente absurda história.
Padroeira
Fofocas à parte, a arquitetura do local é bastante interessante. As paredes foram construídas com pedras, cal e óleo de baleia.
No local em que estão as edificações históricas, ficava um dos povoados da capitania hereditária de Porto Seguro, criada em 1534.
Perto da Casa de Câmara e Cadeia, fica a igreja de Nossa Senhora da Conceição, padroeira do município. O morador Sidrach Carvalho Neto, que estuda a história da cidade, conta que índios aimorés teriam invadido a igreja, assassinado padres e fiéis e destruído altares e imagens sacras.
Apenas dois meninos, segundo contam, sobreviveram ao ataque e fugiram para Porto Seguro a fim de relatá-lo. Muitos anos depois, as ossadas dos mortos teriam sido encontradas. Atrás da igreja há um cemitério pequeno como um quintal de uma casa.
Ruínas jesuíticas
Ao lado da igreja estão as ruínas de um dos primeiros colégios jesuítas. Alguns dos guias não credenciados dizem que ele foi destruído por índios aimorés, que ficaram com raiva dos padres ao saber que um deles se apaixonara por uma índia.
Mas, segundo Davis Jr., essa história é uma variante de outra, que teria ocorrido em Porto Seguro.
Eles contam que, na cidade vizinha, a índia morreu afogada ao tentar seguir a caravela de um português que lhe jurara amor, mas voltou ao país de origem.
Já colégio de Cabrália teria sido incendiado e transformado em ruínas pelos índios porque eles não queriam ser catequizados.
(MV)

Texto Anterior: Versão oficial é contestada
Próximo Texto: Habitantes simples não tinham eira nem beira; Cidade inaugura bar Chilique em 18 de abril
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.