São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997 |
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Coco vira 'cult' entre jovens e revela cantora de 62 anos Selma do Coco se apresenta no festival em Olinda VANDECK SANTIAGO
Selma do Coco está para o rock assim como um violeiro nordestino está para a bossa nova, mas se tornou cult entre a moçada que curte o mangue beat no "eixo musical" de Recife e Olinda. A "Dama do Coco", como alguns a chamam, foi convidada por Chico Science para uma apresentação conjunta no Carnaval passado e para um desfile no bloco "Na Pancada do Ganzá". A morte do cantor impediu que a parceria se concretizasse. Selma do Coco faz apresentações em bares e palcos de Olinda e Recife desde 1984, mas sempre para um público pequeno. O Abril Pro Rock será o primeiro grande evento do qual ela participa. "Tenho medo não. Só quero subir no palco, pegar o microfone e botar a meninada pra se requebrar", disse ela à Agência Folha. O Abril Pro Rock, que se realiza desde 1993 e costuma ter na platéia olheiros de gravadoras em busca de novos talentos, pode ser a chance de Selma do Coco ser convidada a gravar um CD, segundo o organizador do festival, Paulo André (ex-empresário do Chico Science). Ela tem duas fitas demo (fita de demonstração do trabalho) gravadas, que estarão à venda durante o festival. Umbigada Sua banda é formada por nove pessoas e os instrumentos são o ganzá (um cilindro de flandres com grãos, típico do coco), pandeiro, surdo e conga. No palco, Selma mostra o arsenal coreográfico do coco. Ela rodopia, se curva como se fosse cair para os lados ou para a frente, fica imóvel no meio de um movimento, dá "umbigada", se contorce como um boneco, tudo seguido por uma cadência de palmas e batidas de pés. O canto, simples, é puxado por um estribilho, que em coro é respondido pelos integrantes da banda. Um exemplo: "Cordão de ouro amarelo no pescoço da morena" (estribilho)/"Pra te levar, tenho medo. Pra te deixar, tenho pena" (resposta). O coco é uma dança cantada, de origem africana e portuguesa. Surgiu no Brasil entre Alagoas e Pernambuco nos engenhos de açúcar e espalhou-se pelo Nordeste. Selma diz que aprendeu a cantar o coco com os avós e os pais, tradição familiar à qual ela dá continuidade: de sua banda de nove integrantes participam um filho, três netas e dois sobrinhos. Show O Abril Pro Rock 97 terá 31 bandas, das quais 14 pernambucanas. Entre as atrações nacionais estão Paralamas do Sucesso e Pato Fu. Selma do Coco é a primeira a se apresentar no encerramento do festival, no domingo, às 16h30. Ela afirma que não tem "nem um pingo de nervosismo" em se apresentar para um grande público e em um festival "cheio de gente famosa". "Tô acostumada com tudo. O que vier a gente bota na roda", afirmou. Paulo André, o organizador do festival, disse que a mistura de ritmos sempre foi uma característica do Abril Pro Rock. "Nós procuramos misturar as manifestações de raízes da região com o moderno", disse ele. Evento: Abril Pro Rock Onde: Centro de Convenções de Olinda Quando: sexta (18), às 20h; sábado (19), às 16h; domingo (20), às 16h Quanto: R$ 15 Texto Anterior: Concurso teve 56 escritórios Próximo Texto: Canções são entoadas por "mestre" Índice |
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