São Paulo, quinta-feira, 17 de abril de 1997
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Polícia pede acusação contra Netanyahu

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A polícia de Israel recomendou a acusação contra o primeiro-ministro Binyamin "Bibi" Netanyahu em um caso de tráfico de influência, disse ontem um ministro do governo dele.
Avigdor Kahalani, que na qualidade de ministro da Segurança Pública é o responsável pela polícia israelense, confirmou relato do Canal 1 de TV. Na terça-feira, a polícia entregou ao Ministério Público, sem revelar publicamente o conteúdo, o inquérito sobre a nomeação de Roni Bar-On para o cargo de procurador geral.
Em janeiro, Bar-On chegou a ser nomeado, mas renunciou horas depois, devido a críticas sobre seu escasso conhecimento jurídico.
Há suspeita de que o partido Shas, aliado de Netanyahu, teria apoiado no Parlamento a retirada parcial de Israel da cidade de Hebron (Cisjordânia) em troca da nomeação de Bar-On. No cargo, Bar-On deveria beneficiar Aryeh Deri, líder do Shas, em um caso de corrupção que corre contra ele.
Quando a polícia entregou o inquérito, surgiram especulações de que teria recomendado à promotoria denunciar o ministro da Justiça, Tzani Hanegbi, o diretor geral da Presidência do Conselho, Avigdor Lieberman, e Aryeh Deri, que teriam conduzido a negociação irregular.
Mas, ontem, o repórter de TV que lançou a suspeita sobre a nomeação de Bar-On disse que o próprio Netanyahu está na lista da polícia, sob as acusações de fraude e abuso de confiança.
O advogado de Netanyahu, Yaacov Weinroth, disse que vai tentar demonstrar à promotoria que a suspeita não tem fundamento. Weiroth disse que ouviu da promotoria que a recomendação da polícia foi feita com reservas.
"Se o que me disseram é correto -e imagino que o que a promotoria me disse é correto-, essa recomendação diz que, mesmo se for aceita, está sujeita a um interrogatório sumário do primeiro-ministro", afirmou.
O depoimento que o premiê prestou à polícia faz parte do inquérito de 995 páginas. Ele sempre negou qualquer conduta irregular na nomeação do procurador geral.
A promotora Edna Arbel, responsável pelo caso, passou o dia ontem analisando o inquérito. Ela deve anunciar na segunda-feira as acusações.
Netanyahu convocou uma reunião de emergência do gabinete por causa do assunto. O ministro da Saúde, Yehoshua Matza, disse que, na sua opinião, se a acusação for formalizada o país pode ter eleições antecipadas.
Essa é a pior crise interna do governo Netanyahu, iniciado há dez meses. Ela acontece no mesmo momento em que o premiê se vê enfraquecido internacionalmente pela paralisação do processo de paz na região (leia nesta página).
A crise faz com que se especule a respeito de um governo de união nacional com a oposição trabalhista. O Shas já sinalizou que, se Deri foi acusado, pode deixar a coalizão direitista do governo.

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