São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997 |
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MacDonald faz peça publicitária em "Delicada Atração"
CÁSSIO STARLING CARLOS
Para obter seus efeitos didáticos a diretora Hettie MacDonald utiliza uma boa e clara estratégia. Em seu caldeirão comportamental, Macdonald joga dois adolescentes -James e Steven, dois nomes ingleses tão triviais quanto João e José-, que se apaixonam e conseguem superar as adversidades graças à "força do amor". Não há nada de anormal nesses rapazes, apenas diferenças. James (Glen Berry), por exemplo, não gosta de futebol e prefere ficar em casa assistindo velhos filmes românticos. Steven (Scott Neal) é vítima da violência doméstica lançada pelo pai e irmão, homens padrão "hooligan". Para eles, o desejo homossexual vai funcionar como uma forma de aliança entre pares na resistência à opressão -social e familiar. Mesmo quando apela para clichês, a diretora sabe driblar os efeitos simplificadores. Caricatura Uma de suas estratégias é estender o estereótipo até o extremo da caricatura. Assim, ela alcança um equilíbrio -muitas vezes instável, é verdade- entre conquistar a adesão imediata do espectador e conduzir essa identificação à gargalhada pelo ridículo de si mesma. O equilíbrio também é conseguido entre o burlesco -como na cena em que os rapazes tentam desbravar um território gay e são tratados, na expressão do filme, como "carne nova no pedaço"- e o dramático -o esforço de James para convencer Steven de que há desejo entre eles. Ao mostrar o desejo homossexual como sujeito às "leis universais do amor", Hettie MacDonald formula de maneira eficaz, em"Delicada Atração", uma pergunta essencial: "Afinal, o que há de errado nisso?". Filme: Delicada Atração Direção: Hettie MacDonald Elenco: Scott Neal, Glen Berry, John Savage Onde: a partir de hoje no Espaço Unibanco de Cinema - sala 1 Texto Anterior: 'Uma Garota Diferente' discute transexualismo Próximo Texto: "Don Giovanni" volta em gravação histórica Índice |
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