São Paulo, sexta-feira, 18 de abril de 1997
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Béjart renova programa em turnê carioca

CRISTINA GRILLO
DA SUCURSAL DO RIO

Duas coreografias que não foram apresentadas em São Paulo -e que dão um panorama geral da obra de Maurice Béjart- fazem parte da programação que o Béjart Ballet Lausanne apresenta, de hoje a domingo, no Teatro Municipal do Rio (centro da cidade).
A programação carioca inclui "A Arte do Pas de Deux" e "O Pássaro de Fogo", além de "Le Presbytère N'a Rien Perdu de Son Charme, ni le Jardin de Son Éclat" -essa última, mostrada na temporada paulista.
"A Arte" e "O Pássaro" serão apresentados amanhã e domingo. "Le Presbytère" está no programa de hoje.
Em "Arte do Pas de Deux", os bailarinos do Béjart Ballet Lausanne mostram trechos de oito coreografias criadas ao longo de três décadas de trabalho. Com isso, é possível acompanhar as várias fases da carreira do coreógrafo.
"Pássaro de Fogo", de 1970, é outra coreografia clássica de Maurice Béjart. Sobre música de Igor Stravinsky, o coreógrafo criou uma alegoria que, segundo ele, foi inspirada na mitológica figura do líder guerrilheiro Che Guevara.
Na visão de Béjart, o pássaro de fogo é o imortal com força indestrutível -como seria Guevara.
A influência oriental na obra do artista aparece em "Bhakti 3" (1968), em que Béjart usa música religiosa indiana para uma dança-tributo a Shiva e Shakti.
Em "Nosso Fausto", coreografia feita para o Ballet do Século 20 em 1975, Béjart usa o tango "La Comparsita".
Em "Bruderlein Schwesterlein", Béjart usa composições de dois autores absolutamente diferentes numa peça coreográfica.
O dodecafonismo de Arnold Schoenberg e o classicismo de Johann Strauss se unem num só espetáculo.
Ainda há uma dúvida no programa de "A Arte do Pas de Deux": Béjart ainda não definiu se a companhia dançará "Altemberg Lieder" (1995), com música de Alban Berg, ou "Erótica" (1965), com música de Tadeusz Baird.
O programa é completado com as coreografias "O Concurso" (1985), "Arepo" (1985), Dibouk (1988) e "Adagietto" (1981).
Donn e Mercury
"Le Presbytère", a ode criada por Béjart em homenagem a Freddie Mercury, líder do grupo Queen, e ao bailarino Jorge Donn -que, com sua interpretação, imortalizou uma das mais clássicas coreografias de Béjart, o "Bolero", de Ravel-, é a atração de hoje.
A homenagem aos dois amigos, ambos mortos pela Aids aos 45 anos, tem emocionado platéias por onde passa, desde sua estréia em janeiro, em Paris.
Béjart costuma dizer que o trabalho não é um balé sobre a Aids, mas sobre os que morrem jovens.
Béjart mistura Mozart e Queen em "Le Presbytère". Do compositor alemão, são usados trechos de "Cosi Fan Tutte", "Thamos" e do "Concerto para Piano".
No papel principal, está o bailarino Gil Roman, desde 1979 trabalhando com o coreógrafo e atual diretor-adjunto de Béjart.
Os figurinos de "Le Presbytère" são de Gianni Versace, que há 16 anos trabalha com Béjart.
O estilista deixou de lado as cores fortes, que são característica de suas criações de alta-costura, usando o branco como base dos figurinos.
Restam poucos ingressos para as três apresentações no Teatro Municipal do Rio. A Dell'Arte, promotora da turnê, estuda a possibilidade de mais uma apresentação no domingo, às 20h30.

Espetáculo: Béjart Ballet Lausanne
Onde: Teatro Municipal do Rio (pça. Floriano, s/nº, centro, tel. 021/297-4411) Quando: hoje e amanhã, às 21h; domingo, às 17h
Quanto: de 30 a R$ 600

Texto Anterior: Filósofo explica artigo
Próximo Texto: Zélia Duncan faz temporada intimista no teatro Rival
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.