São Paulo, sábado, 19 de abril de 1997
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Promotora vai poupar Netanyahu, diz TV

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

A promotora Edna Arbel já decidiu se vai ou não acusar o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, em um caso de tráfico de influência. Não divulgou, contudo, sua decisão. Segundo o Canal 1 de TV, que lançou a suspeita sobre o caso, Netanyahu vai se livrar da acusação formal, que foi recomendada no inquérito policial.
O caso, apelidado de Bibigate (uma referência ao caso Watergate, envolvendo o então presidente dos EUA Richard Nixon), se refere a um suposto acordo político irregular ocorrido em janeiro.
Netanyahu teria cedido à pressão do partido ultra-religioso Shas para nomear Roni Bar-On para o cargo de procurador-geral, em troca do apoio do partido ao acordo com os palestinos sobre a entrega parcial do controle de Hebron, na Cisjordânia.
O Shas, segundo o relato do Canal 1, teria interesse na nomeação do advogado Bar-On porque ele teria o compromisso de livrar o líder do partido, Aryeh Deri, de uma antiga acusação de corrupção. A indicação de Bar-On foi levada a cabo, mas ele renunciou logo em seguida, criticado por ser incapaz de exercer a função.
A apuração do caso resultou em um inquérito policial de 995 páginas, entregue nesta semana ao Ministério Público. Além de Netanyahu, correm o risco de serem denunciadas mais três pessoas: o próprio Aryeh Deri; o ministro da Justiça, Tzahi Hanegbi; e o diretor-geral da presidência do Conselho (chefe de gabinete do premiê), Avigdor Lieberman.
A promotora Arbel disse a uma rádio que a decisão sobre o premiê foi "muito difícil". Segundo o Canal 1, só Aryeh Deri será acusado.
Segundo a promotora, falta apenas uma conversa com o procurador-geral Eliakim Rubinstein (sucessor de Bar-On) para que a decisão seja divulgada, o que deve acontecer amanhã à noite.
Ela descartou um novo depoimento de Netanyahu, que já falou no inquérito e nega qualquer irregularidade na nomeação do procurador-geral.
A acusação formal de fraude e abuso de confiança contra Netanyahu pode levá-lo à renúncia. Mais da metade da população diz que ele deve deixar o governo se a denúncia for confirmada, segundo pesquisa do Instituto Gallup.
Divulgada ontem pelo diário "Maariv", a sondagem indica que 52,6% pensam assim; 39,3% defendem que ele fique no governo até uma decisão judicial, enquanto 8,1% não têm opinião.
Outra pesquisa, do Instituto Dahaf para o "Yediot Ahronot", mostra que 52% defendem a renúncia só em caso de condenação; 25% acham que as suspeitas da polícia já são motivo para renúncia, enquanto 20% acham que a acusação formal deve fazer com que o premiê deixe o governo.

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