São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997 |
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Estereótipo enfraquece noção de raça
FERNANDO ROSSETTI
Isso ficou evidente em 3 das 18 palestras proferidas durante o seminário "Sentidos e Construções de Raça na África do Sul, Brasil e Estados Unidos". O pesquisador do Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro e professor visitante na Universidade Columbia, Carlos Hasenbalg, começou sua fala assim: "Os argentinos são um bando de italianos que falam espanhol e acham que são britânicos. Já os brasileiros são um bando de africanos que falam português e acham que são americanos." A piada foi usada para ilustrar não só a idéia da construção social da identidade como para defender a necessidade de estudos mais profundos sobre como os indivíduos de cada sociedade "vivem no seu dia-a-dia a questão racial". Conflito Já o norte-americano descendente de japoneses Franklin Odo, professor na Columbia, contou jocosamente de seu conflito, quando criança em visita ao sul dos EUA, entre entrar em um banheiro para brancos ou para negros. Odo afirmou também que, durante a sua vida nos EUA, ora enfrentou problemas raciais porque o país estava em crise com o Japão, ora porque a crise era com a China. O caso de Marta Vega, conhecida ativista negra e hispânica e professora do Baruch College, provocou ainda mais risos. "No Brasil eu sou mulata, em Cuba, índia clara, na África, não sabem bem, e aqui (nos EUA) eu sou hispânica", afirmou Vega, nascida em Porto Rico e descendente de africanos. "Quando você é negra e fala espanhol você se torna menos negra tanto na comunidade negra quanto na branca americana." Ela criticou a "melanização" da linguagem (melanina é o elemento que dá cor à pele), que divide os movimentos dos negros e hispânicos. "A verdade é que nos últimos 40 anos nossas comunidades ficaram mais pobres." Para ela, "o Estado tem interesse em reforçar as noções de diferenças raciais" (FR) Texto Anterior: Cientista defende conceito Próximo Texto: Bela Cintra desencanta com novas lojas Índice |
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