São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Grupo da Anistia vai investigar Diadema

ROGÉRIO SIMÕES
DA REPORTAGEM LOCAL

Está prevista para hoje a chegada ao Rio de Janeiro de uma delegação da Anistia Internacional, vinda de Londres (Reino Unido), que pretende, entre outros objetivos, obter informações sobre a violência envolvendo policiais militares na favela Naval, em Diadema (SP).
O grupo será composto por Fiona Macaulay, responsável por pesquisas da Anistia Internacional envolvendo o Brasil, Julia Rochester, coordenadora de campanhas voltadas para o Brasil, e Sergio Zamora, coordenador de equipe de desenvolvendo da entidade.
Amanhã a delegação seguirá para São Paulo, onde deverá solicitar encontros com autoridades do governo do Estado.
Ainda não está definido quanto tempo a equipe ficará no país. Além de Rio de Janeiro e São Paulo, os três irão a Recife, Brasília e à região do Pontal do Paranapanema (SP), onde deverão discutir a violência no campo.
O Programa Nacional de Direitos Humanos do governo federal, apresentado em 96, também será destaque na pauta do grupo.
Prioridade
A visita já estava programada desde o início do ano, mas ganhou novo teor depois da divulgação das imagens de violência policial contra moradores de Diadema e de Cidade de Deus, no Rio de Janeiro.
Segundo Carlos Idoeta, diretor da Seção Brasileira da Anistia, a vinda do grupo servirá para que sejam definidas as formas de atuação para os próximos anos no Brasil. Recentemente a Anistia Internacional incluiu o país entre suas regiões prioritárias.
Ele afirma que a entidade, de defesa dos direitos humanos, ainda tem seu trabalho e sua força muito concentrados nos países mais desenvolvidos do hemisfério Norte, onde a sociedade civil é geralmente mais organizada.
Segundo Idoeta, os países mais pobres ainda não recebem a atenção de que precisam no campo da luta em favor dos direitos individuais. "Onde a voz da Anistia é mais necessária, ela é mais fraca."
Nos últimos anos, a entidade enviou ao Brasil representantes do exterior para acompanhar as investigações de vários casos de violência policial -como na morte de 111 presos na Casa de Detenção pela PM paulista ou no confronto que deixou 19 sem-terra mortos em Eldorado dos Carajás (PA).

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