São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Pancadaria troca de conferência na NBA

MELCHIADES FILHO
EDITOR DE ESPORTE

Um dos mais equilibrados dos últimos anos, o campeonato 96-97 de basquete norte-americano encerra hoje sua primeira fase em uma curiosa crise de identidade.
Divididas em conferências, Leste e Oeste, 16 equipes vão disputar, emparceiradas, séries eliminatórias a partir desta quinta-feira.
O torcedor da NBA está acostumado a acompanhar duelos de almas distintas: no Oeste, jogos velozes, com alta pontuação, em que a lealdade predomina; no Leste, partidas truncadas, com placares magros e excesso de faltas.
A fase classificatória desta temporada, no entanto, aponta exatamente para a inversão de papéis.
Pela primeira vez em 25 anos, metade da vida da National Basketball Association, o Oeste envia aos playoffs equipes mais violentas que as adversárias do Leste.
Utah, Seattle, Houston, LA Lakers, Portland, Phoenix, Minnesota e LA Clippers fizeram, em média, 22,3 faltas por partida.
Por sua vez, Chicago, Miami, Atlanta, New York, Charlotte, Detroit, Orlando, Cleveland e Washington registraram 20,8.
Trata-se de uma diferença de 7,2% -um recorde, segundo informaram à Folha estatísticos contratados pela NBA.
Há outros dois indícios dessa mudança de perfil.
O Chicago, atual campeão da NBA, que obteve a melhor campanha do Leste, é o terceiro time que menos bate entre os 29 que compõem a liga, com média de 19,5 faltas por partida.
Já o líder no Oeste, o Utah, ocupa a quarta colocação no ranking da violência, com 23,9.
O rei da truculência da NBA joga na Conferência Oeste -o pivô Jim McIlvaine, do Seattle, uma porrada a cada 6,1 minutos em quadra.
O mais leal, por sua vez, atua no Leste -o armador Joe Dumars, do Detroit, uma infração a cada 30,3 minutos de bola em jogo.
Opiniões
A tendência pode ser revertida nos playoffs, quando, naturalmente, as partidas são mais disputadas e o número de faltas sobe.
Mas os técnicos do Leste não apostam nisso.
"Fazer muitas faltas significa conceder lances livres ao adversário, pontos fáceis. Nos playoffs, pode ser um detalhe fatal. Por isso, não espero uma reversão", afirmou Lenny Wilkens, treinador do Atlanta Hawks, a equipe mais leal da NBA, com 18,6 faltas por jogo.
Nem mesmo o único representante troglodita do Leste nos playoffs espera mais sangue: "Temos visto jogos muito estudados, com poucos arremessos. Acho que essa precaução vai persistir, ninguém vai se afobar e sair fazendo falta. Vai esperar o erro do rival", disse Jeff van Gundy, técnico do New York, quem mais bate na liga, 24,5 pancadas por partida.
No Oeste, os times tentam minimizar a imagem de violentos.
"Os números às vezes mascaram a realidade", reclamou o ala-pivô Karl Malone, do Utah.
"Fazemos mais faltas porque corremos mais", tentou explicar o pivô Shaquille O'Neal, dos Lakers.

LEIA os resultados da rodada de anteontem da NBA na pág. 4-2

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