São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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A volta de Dunga

TELÊ SANTANA

A idade avançada -33 hoje e 34 na Copa da França, em 1998- para um jogador de futebol não me assusta. Já vi muitos atletas nessa idade mostrarem um desempenho muito acima da média.
A fibra e a garra são pontos positivos para esse jogador.
O que me preocupa na volta de Dunga para a seleção brasileira é a sua real condição física e técnica.
É um grande chavão que eu vou escrever, porém, é muito verdadeiro e atual: "futebol é momento". Apenas os melhores jogadores devem ser chamados para a seleção.
Os jogadores que vão jogar no Japão acabam ficando um pouco escondidos.
Não sei se o Zagallo convocou Dunga para o amistoso contra o México por causa de sua história na seleção ou por sua condição atual.
O ideal seria que o técnico da seleção pudesse contar com um observador no Japão, já que grandes jogadores brasileiros estão atuando lá.
Mas, se as minhas desconfianças estiverem erradas, podemos estar achando uma solução para os problemas defensivos da atual seleção brasileira.
O Dunga é um lutador, grande personagem na conquista do tetracampeonato mundial, na Copa dos EUA. Boa sorte a ele!
*
Estou preocupado. Infelizmente a violência está voltando para os estádios de futebol do país.
O empate em 1 a 1 entre Internacional e Flamengo, na quinta passada, pela Copa do Brasil, foi um bom exemplo que algo deve ser feito, dentro e fora do campo.
Como vocês devem saber, um torcedor invadiu o gramado e agrediu o juiz Sidrack Marinho. Um absurdo. A interdição do Beira-Rio será pouco.
E dentro de campo, faltas e mais faltas. Nos campeonatos europeus raramente o número de faltas ultrapassa 30 por partida.
Aqui, 40, 50 faltas é algo comum. Acredito que a regra do Torneio Rio-São Paulo, que estabelecia um limite de faltas, deveria ser estendida para todos os campeonatos nacionais. Os torcedores querem ver futebol, não faltas.

E-mail: tele@wgserver.cyberland.com.br

O técnico Telê Santana, 65, escreve aos domingos na Folha

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