São Paulo, domingo, 20 de abril de 1997
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Macau cresce às vésperas da descolonização

JAIME SPITZCOVSKY
ENVIADO ESPECIAL A MACAU

Macau, última herança do império colonial português, se prepara para voltar ao controle de Pequim em 1999 embalada pelo acelerado crescimento econômico da região.
Encravado no sul da China, o território abandonou os ares pacatos dos tempos coloniais para mergulhar na expansão do turismo e dos cassinos, na agitação frenética da atividade financeira, do comércio exterior e da ampliação da infra-estrutura.
A decolagem econômica de Macau, entreposto comercial fundado por navegadores portugueses em 1557, usa como um de seus combustíveis a posição estratégica do território. Ele está no palco da principal revolução capitalista do final do século, capitaneada pelo crescimento de Hong Kong e pelas reformas econômicas da China.
A economia de Macau, apoiada no turismo e na exportação de produtos têxteis, cresceu a uma média anual de 7% na segunda metade da década de 80. A renda per capita saltou de US$ 4.999 em 1982 para US$ 16.180 em 1994.
O ritmo, no entanto, diminuiu nos anos últimos. Em 1995, o crescimento econômico ficou em 3,9%, e, para o ano passado, cálculos preliminares revelavam um crescimento de 4%.
Um excesso na oferta de casas e apartamentos e dificuldades no início das operações do novo aeroporto (um investimento de US$ 1,1 bilhão) fizeram a taxa de crescimento econômico descer alguns tons no ano passado.
Também contribuiu a incerteza provocada pelas mudanças que devem ocorrer, durante a virada do século, no monopólio que controla os cassinos (leia abaixo).
Os acidentes de percurso não tiram o otimismo das autoridades. "Não temos dívida pública, trabalhamos com um orçamento superavitário e nos transformamos em exportador líquido de capitais", afirma Leonel Miranda, coordenador do Gabinete de Planejamento e Cooperação do governo local e presidente da Air Macau.
Macau desponta como o segundo maior investidor estrangeiro na Província de Cantão, o principal pólo das reformas pró-capitalismo deslanchadas pela China em 1978. O principal é Hong Kong, a colônia britânica que funciona como motor central dessa revolução capitalista asiática.
"Buscamos também manter um sistema liberal, com menor intervenção possível do governo, para facilitar a circulação de capitais e remessa de lucros", diz Vitor Pessoa, secretário da Economia.
O governo não procura apenas o crescimento econômico -nos últimos anos, promoveu um intenso programa de aterros para aumentar o território. Macau pulou de 16 km2 para os atuais 20,96 km2.

O jornalista Jaime Spitzcovsky viajou a convite do governo de Macau

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